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O historiador do cotidiano 3

Prometo que esta é a última parte…

Quem melhor personifica o perfil do jornalista do futuro (que aliás já começou), que me desculpem os editores, pauteiros, colunistas e afins, ainda é o repórter – o velho e bom repórter. Se ele for um bom repórter, daqueles fuçadores, vai ter um olhar mais alongado para a realidade – que, em última análise – é a matéria prima de suas reportagens e da própria existência da profissão.

Simplifiquei demais? Nem tanto…

Explico: o repórter é o único ali que transita obrigatoriamente por uma via de mão dupla. Tanto no sentido de aprender a ouvir a voz das ruas. Tanto mais na arte de saber enriquecê-la com informações importantes, vitais para que se estabeleça uma melhor qualidade de vida.

O repórter é o verdadeiro historiador do cotidiano.

Passa a ser o espelho em que a vida se retrata…

É aquele que segue a risca o ensinamento do grande Darci Ribeiro:

“Há pessoas que lêem livros. Há pessoas que lêem pessoas”.

Essa é uma dádiva dos grandes e notáveis repórteres, como Ricardo Kotscho e Zé Hamilton Ribeiro, por exemplo.

Quem preservar essas qualidades, seja qual for a função que exercer, será um jornalista de primeira.

II.

Durante o encontro na Metodista, discutiu-se exatamente a temática das ‘grandes reportagens’ que hoje, em tese, perde espaço especialmente na mídia impressa.

Efetivamente, o tal do ‘repórter especial’ que perambulava, daqui pra ali, a espreita de uma grande pauta é uma espécie cada vez mais rara nas Redações. O que não significa dizer que a reportagem de fôlego – a essência do chamado jornalismo interpretativo – está condenada a desaparecer.

Naquele painel de debate, o repórter Luiz Carlos Azenha enfatizou que, na verdade, também aqui se atravessa um momento de mudança.

— As grandes reportagens migraram para os livros – como o que estava sendo lançado naquele dia (O Livro das Grandes Reportagens) – e para os documentários de TV.

Ele ainda acrescentou:

— Nunca o Brasil viveu um momento tão auspicioso para a produção de documentários.

Eu acrescentaria mais. Há um belíssimo espaço nas revistas e mesmo no jornalismo on-line – onde nossa criatividade ainda tateia em busca de caminhos – para o desaguar da produção dos grandes repórteres brasileiros.

III.

— Este é um País que precisa dos jornalistas.

Foi com essa declaração que o mediador Ricardo Kotscho encerrou aquele encontro. Eu queria dar só mais um pitaco; ousadamente, eu diria.

É um País que precisa de jornalistas compromissados com a verdade, independentes e com o projeto pessoal que expresse a transformação e o pensamento social. Até que este seja mesmo um Brasil de todos os brasileiros.

"Brasileiros", aliás, é o título da revista que Kotscho e amigos lançam no início do próximo ano…

Brasileiros, repórteres. Brasileiros, profissão: esperança.