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O muro e a ponte

Claro que acreditávamos em dias melhores naquele 9 de novembro de 1989 quando começou a derrubada do Muro de Berlim.

Sonhávamos com um mundo mais justo e solidário, como costumávamos dizer então.

Ainda hoje me lembro da expressão do então repórter Pedro Bial, correspondente da Globo, a anunciar o histórico momento.

A Paz.

A almejada Paz era possível, tangível aos nossos sonhos.

Ao alcance dos nossos passos.

Nos dias seguintes, ele e o outro correspondente, Síllio Boccanera, deram prosseguimento às reportagens sobre a reunificação da Alemanha.

Na História do Jornalismo Brasileiro, esta foi uma cobertura marcante.

Sempre costumo citá-la em minhas aulas.

Aproveito para explicar aos garotos que dois valorosos repórteres de TV estavam presentes na Alemanha, em 13 de agosto de 1961, quando se começou a levantar a tal muralha.

José Carlos de Moraes, o Tico-Tico, e Carlos Spera eram os enviados da TV Tupi.

Eles foram os precursores dos grandes repórteres de TV. Faziam tudo na base do improviso, com parcos recursos técnicos. Eram parceiros. Em cena, chegavam a dividir um único microfone. Não havia sequer vídeo-tape, tudo era gravado em película e enviado para o Brasil.

Mesmo com atraso de dias e dias davam o seu recado.

Aliás, acho oportuno ressaltar: a reportagem é, sempre foi e sempre será a essência do jornalismo.

Essa profissão abençoada só existe se o jornalista for onde a notícia está.

Só existe para denunciar os muros que nos separam – os visíveis e os invisíveis.

Só existe para construir a ponte que nos une e/ou unirá.

Só existe em nome de um mundo mais justo e solidário, como costumávamos dizer então.

E ainda estamos longe de alcançar.

* Foto: Jô Rabelo