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O mascote

Já não se fazem mais Palmeiras e Corinthians como antigamente.

Não falo só em termos de postura técnica das duas equipes em campo.

Ou mesmo dos esquadrões que os clubes brasileiros já não possuem.

Falo mesmo das divertidas discussões que aconteciam desde a noite de domingo e se estendiam pelo resto da semana. Até o próximo Derby, como batizou a peleja o jornalista Thomaz Malzzoni, da então poderosa A Gazeta Esportiva.

Passei a segunda tranqüilo, sem ter que responder nenhuma provocação de corintianos.

Estou quase para dizer que meus chegados, que torcem para o time da Marginal S/N, estavam divididos em indecifrável dilema: vencer o Palmeiras e entregar a liderança do Brasileirão para o São Paulo ou perder para o arquirival e ainda ter que agüentar o mini-tabu de quatro anos sem vitórias sobre o tal.

É um sentimento assim, eu diria, inconsciente.

Mas, desconfio que real.

Na dúvida, o empate ficou de bom tamanho para as partes.

Vida que segue…

No tempo do meu pai, as coisas seriam bem diferentes. A italianada reunia-se no Astória, célebre bar da rua Lavapés, e o bate-boca era bem animado.

Exaltavam-se, mas sem perder a classe.

Haja cerveja para refrescar a cuca da então rapaziada. Que, além do futebol, tinha outras paixões. Uma delas era apostar alto em corridas de cavalos.

Era garoto e acompanhava o pai nessas noitadas – que não iam além das 10 da noite, como se dizia então.

Gostava de estar no meio daquela algazarra, o pessoal me enchia de balas e guaraná caçulinha. Era o mascote da turma.

Às vezes, as discussões me assustavam.

Mas, o pai me tranqüilizava com um quase enigma que só fui entender bem mais tarde .

— É só barulho. Não dão em nada esses berros. Aqui, o pessoal só perde a compostura com cavalos lerdos e mulheres espertas.

* FOTO: JÔ Rabelo