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O padroeiro dos jornalistas

São João. São João.
acenda a fogueira
do meu coração.

II.

Adoro canções do passado
que voltam, assim, do nada
como os amores que, imaginamos,
perderam-se na espiral do tempo…

III.

Faz algum sentido dizer
‘espiral do tempo’.
Fica a impressão de que
versos e amores – se amores
forem – sempre estarão de volta.

IV.

De amores, nada sei
– e quem há de saber?
Às vezes, exagero.
Em outras, me escondo.

De versos, só posso lhes dizer
que os acima citados são
eternos, embora assinados
por Alberto Ribeiro.

V.

Não sei onde ouvi
que São João é o padroeiro
dos jornalistas.

Acho que é invenção da mãe.
Não tenho certeza.

VI.

A explicação, a princípio,
é simples e me convenceu:
João anunciou a chegada
do Menino Deus.

É o primeiro santo midiático, portanto.
Informou sobre os novos tempos.

Bonito!

VII.

Num 24 de junho, como hoje,
contei por contar essa história na Redação.

Ninguém se animou confirmar
se a dona Yolanda estava
certa ou errada.

Mas, muitos se identificaram
com a vida do mártir.

VIII.

Alguém lembrou que, como nós,
jornalistas, o santo viveu
a clamar no deserto.

Faz sentido.

IX.

Outro ironizou:

— Alimentava-se de mel e gafanhotos.

Aí, achei exagero.
Não ganhamos tão mal assim.

X.

— Foi um mártir

Dá para entender a pose
de herói que todo jornalista
gosta de exibir.

XI.

— E perdeu a cabeça
por causa de uma mulher.

Era o diagramador,
ex-seminarista, a lembrar
a história de que a bailarina
Salomé, após encantar Herodes,
o rei, lhe pediu a cabeça
do profeta numa bandeja.

XII.

Não se ouviu mais
qualquer comentário
sobre o tema.

Ninguém quis
vestir a carapuça.
Mas, creio que muitos
viraram devotos do santo
padroeiro dos jornalistas.