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Minha estreia em copas do mundo

Foto: Torcedores acompanham jogo do Brasil na Suiça/Fabio Rodrigues/Agência Brasil

Resenha da Copa (2)

Digamos que minha estreia em Copas do Mundo se deu 1958.

Vitoriosa, portanto.

Tinha 7 anos.

Não entendia exatamente o que estava acontecendo, mas todos estavam felizes e sorriam e se abraçavam e cantavam e comemoravam, indiferentes dos times para os quais torciam, que também fiquei contente e saí pelas ruas do Cambuci, junto a outros tantos moleques, a gritar:

“É campeão!”

“É campeão!”

Foi divertido.

Mas, pra ser sincero, não entendia direito o que estava acontecendo.

Fui no embalo.

A felicidade era mais dos outros do que minha.

Valeu pela rodada de guaraná ‘caçulinha’ que o pai e os amigos do pai bancaram para nós, no Bar do Pepino.

Importante destacar.

Ouvíamos os jogos pelo rádio – e as imagens, ainda que poucas e rudimentares, só veríamos tempos depois nas sessões do Canal 100 nos cinemas.

Diziam que enfim surgira o verdadeiro Rei do Futebol, o garoto Pelé, camisa 10 da seleção, autor de dois gols na vitória (5×2) no jogo final diante da Suécia.

Até então havia uma grande discussão sobre quem seria o melhor jogador do mundo.

Eram citados Jair da Rosa Pinto, Leônidas da Silva, Heleno de Freitas, entre outros.

Para o meu pai, Mazzola era o cara.

Lembro a imagem que o Velho Aldo gostava de usar:

“Ele bate o escanteio e corre para a área fazer o gol de cabeça”.

Eu ficava embevecido com os superpoderes do centroavante do Palmeiras.

(Lembrem-se que eu tinha 7 anos.)

Mazzola era titular da seleção até ser vendido, dias antes da Copa, para o futebol italiano.

Em seu lugar entrou Vavá – e todos sabem o glorioso final dessa história:

Brasil campeão, bi, tri, é tetra e penta.

Agora, Brasil rumo ao hexa!

Meus amigos e eventuais e ignorados inimigos.

Corto caminho para chegar aos dias atuais quando se disputa essa polêmica Copa do Qatar (e viva os direitos humanos e viva a diversidade!) para lhes dizer em alto e bom som:

Nunca fui um apaixonado pela seleção brasileira.

Talvez nos pegas de 62, 66 e 70, eu ainda me interessasse um tanto mais.

(Fiquei triste quando caímos na primeira fase da Copa da Inglaterra, confesso. Mais pela turminha que estava ao meu redor do que por mim mesmo.

Depois disso, fui aos poucos voltando â minha pegada natural de ver os jogos da seleção com certo delay para ser feliz.

Torcer, torcer mesmo só pelo meu Palmeiras e, vez ou outra, para o Torino da Itália para que não caia para a Segundona local.

De resto, assisto aos jogos de futebol sem grandes emoções.

Alguém me perguntou, depois do jogo, o que achei do futebol da nossa seleção.

Respondi laconicamente:

“Ganhamos. Estamos classificados”.

Estávamos num café no shopping perto de casa – e havia um mar de gente ainda com camisas da seleção – em várias cores, acrescento – ao nosso redor. Todos leves e felizes, me pareceu. Ele, inclusive. Não sei se gostou da minha breve e insossa avaliação.

Talvez esperasse algo mais épico, não sei.

Mesmo assim, ele insistiu no papo:

“O Neymar fez falta, não?”

Pensei, mas não lhe disse:

“Nem tanto. Falta no time alguém como o Mazzola, conheceu? Ele batia o escanteio e corria pra área fazer o gol de cabeça”.

Ainda nenhum comentário.

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