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Tributo a Glória Maria

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 Foto: Instagram/Gloria Maria

16 de fevereiro – Dia do Repórter.

Ainda que tardio, faço um tributo à memória de Glória Maria.

Por tudo e em tudo, a repórter.

Notícias como essa, infelizmente, têm sido frequentes nos últimos meses.

O que cava em mim um irreparável vazio, digamos, geracional.

É a inexorável ação do tempo. Aquele mesmo que não para no porto, não apita na curva, não espera ninguém.

Muitos dos que moldaram nossos dias partiram “fora do combinado”.

Erasmo,

Gal.

Boldrin,

Nélia Piñon,

Pelé,

Roberto Dinamite

E numa ensolarada quinta-feira, 2 de fevereiro,

Glória Maria.

Não quero me imiscuir no mistério da verdadeira idade que Glória sempre cuidou de preservar.

Mas, perdoem-me a indiscrição, desconfio que somos, assim, contemporâneos.

Explico minha suspeita, em forma de homenagem.

Ainda como repórter em início de carreira, eu já olhava para o trabalho da jovem repórter Glória Maria com curiosidade – e admiração.

Ela sempre teve esse jeitão solto e peculiar de fazer belas matérias.

Transformava reportagens em coloquiais encontros.

Sabia envolver o telespectador como nenhum outro repórter de TV.

Tinha uma leveza única.

Fosse qual fosse o conteúdo da matéria, lá estava a repórter que sabia dizer o que precisava ser dito ao telespectador em tom de conversa.

Queria algo assim para mim. Mesmo que trabalhando no jornalismo impresso.

Confesso que me faltavam o dom e o talento.

Vivia enroscado aos ditames dos manuais de redação. tão em voga à época.

O lead, a tal pirâmide invertida e todo o instrumental das técnicas da linguagem jornalística era a tônica dos nossos textos. Sempre impessoais, objetivos e diretos.

A padronização dos textos era rigorosa e absoluta. A ponto de um dos chefes que encontrei pelo caminho assim definiu:

“O leitor não pode ser surpreendido. Importante que ele imagine que uma só pessoa escreveu toda a revista”.

Olaiá…

Tudo o que eu não desejava.

Mas, dizia-se então, a padronização é imprescindível aos novos tempos de total obediência ao projeto gráfico e aos rígidos prazos para ‘fechamento’ da edição.

Diria que obedeci o quanto pude as regras do jogo.

Mas, aos poucos, os velhos repórteres de então (como Marcos Faerman e Waldir Sanches), os cronistas (Braga, Sabino, Cony, entre outros) e os editores mais compreensíveis ( e aqui não cito nomes para não ferir suscetibilidades dos amigos) foram me dando espaço para um estilo de texto bem pessoal, identificado comigo e, espero, com quem me lê.

Não seria exagero dizer que, mesmo como repórter de TV, Glória Maria foi uma encantadora inspiração.

Se não fiz e faço melhor, a culpa é toda minha. Bons exemplos não me faltaram.

Uma curiosidade.

Nunca esqueci a entrevista que Glória fez com o cantante Júlio Iglesias.

O clima era de conversa entre amigos.

Glória insistiu em saber da vida pessoal de Iglesias. A quantas andava o moço de amores e conquistas?

E ele no maior dengo, fez charme e confessou:

“Não é nada do que dizem. Eu sou apenas um homem só”.

Ambos riram cúmplices da resposta em tom de galanteio.

Será que ele estava xavecando a repórter.

Não sei não…

NOTA DO BLOG:

O tema da coluna de hoje me foi sugerido pela Michelly, que diz ter sido minha aluna “em priscas eras”.

Ela notou que nada escrevi sobre o falecimento da incrível repórter, a quem sempre admirou.

(O blogueiro estava de férias.)

Disse também que eu era um professor ‘divertido’, que corrigia os textos-exercícios que escrevia ‘com uma sofisticada caneta Mont Blanc’ (um dia conto a história da minha desaparecida caneta, como a ganhei e como a perdi) e usava, em sala de aula, palavras estranhas (como ‘priscas eras’) que turma não conhecia e precisava de um dicionário para descobrir o significado.

Olaia…

Grato pelas lembranças, Michelly.

Priscas eras?

E a gente, tolinho de tudo, sempre imagina que será lembrado por feitos heroicos, nobres e grandes frases

Va lá…

Registro que só comecei a dar aulas em 1998.

Outro século, é bem verdade.

Mas, priscas eras, nem tanto, nem tanto…

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