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Um dezembro diferentão

Ilustração a partir de foto de Leila Rodrigues

João amava Teresa que amava Raimundo

que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili

que não amava ninguém.

João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,

Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,

Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes

que não tinha entrado na história.

O poema Quadrilha, de Carlos Drummond de Andrade, é de 1930.

Foi publicado no livro De Alguma Poesia.

Só me dei conta da obra em fins dos anos 60 quando fiz o cursinho para a USP.

Lhes digo que, sei lá o motivo, esses versos sempre me soaram familiar.

Talvez por isso, por instinto ou fantasia, passei a murmurá-lo assim que bati os olhos na manhã deste 1° de dezembro que custou a chegar.

Explico.

Ou melhor tento explicar.

Chegamos ao último mês do ano que, convenhamos, traz lá suas excentricidades.

Um dezembro diferentão, diria. Até ontem chuvoso e em tons plúmbeos.

Vai chover?

Não vai chover?

Chove muito?

Ou só aquela pancadinha básica e primaveril?

Enfim, raios de sol no céu sambernadense…

Seriam indícios do verão que se aproxima?

Outra questão.

Vivemos ainda o ameaçador rescaldo das eleições presidenciais.

Brasil mostra a tua cara, mermão!

E mais outra:

Tentamos embalar em euforia uma Copa do Mundo disputada fora de hora – e longe pra dedéu. No Qatar, no meio do deserto.

No balanço das horas – e como só e acontecer…

Ainda barulhamos os preparativos para as festas natalinas e aquele tradicional e, de quebra, o inefável balanço deste 2022 que se vai…

O que fiz?

O que deixei de fazer?

E que ainda quero fazer?

Vivamos dezembro, pois!

No meu caso específico, ainda quero lançar um livro novo por aqui:

A Cor da Vida – e outros contos ligeiramente românticos

Aguardem!

Pois então, meus caros…

Foi em meio a essa barafunda toda, entre um jogo e outro, entre um corre e outri do tal lançamento virtual, que um simpático colaborador (que se diz leitor de Rubem Braga, o que é sempre uma credencial) me perguntou como e o porquê comecei nessa vida de juntar letrinha, uma atrás da outra…

A sina de viver para escrever ou escrever para viver.

Fiz pose do intelectual que nunca fui, ajeitei os óculos em cima do nariz – e sapequei como resposta um breve enredo de como se deu minha aproximação com as Letras.

“Ah, meu caro, comecei no jornalismo…. Uma coisa leva à outra etc etc etc”

Aquela arenga que os cinco ou seis amáveis leitores já estão cansados de saber.

Uma coisa não disse a eles – e agora confesso a vocês.

Dois pontos, aspas para mim mesmo:

Mesmo sem me chamar J. Pinto Fernandes e/ou ter me casado com a Lili do poema, mesmo depois de tantos anos e tantas aflições, toda vez que batuco nas teclas do computador, tenho a nítida sensação de que só agora entrei nessa história.

Ainda nenhum comentário.

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