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Viagem a Cartago

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Foto: Reprodução

Há mulheres que nos fazem viajar.

Lygia é uma delas.

Ela me conta, assim como quem, com sede, bebe um copo d’água, que esteve em Cartago.

Cartago? – me espanto.

A que sucumbiu e foi varrida do mapa pelo império romano, lá no século II?

Sim, a cidade que foi sede do Império Púnico, “das proezas de Hércules, das guerras napoleônicas e púnicas, verdadeiro caos de mártires e heróis em empastelamento de fogo e latim com a silhuetas de Nero com sua lira. Enquanto Anibal, de armadura negra, passava num pé de vento delenda Carthago!

A Cartago da Literatura que resplandece com “Salambô dançando descalça, em Flaubert”!

– Mas, esta Cartago não existe mais – contesto, com alguma veemência.

Lygia não se intimida.

No seu dedo anular, está a prova: o anel de âmbar que um árabe lhe vendeu num mercado de Cartago. Disse que pertenceu a um santo cartaginês, cujo o nome esquecera.

Conta que adorou ‘a invenção’ e a transformou em verdade.

Desde então, diz a todos que lhe perguntam:

– Este anel pertenceu a Santo Agostinho.

Acredito.

Que mulher encantadora!

* Post inspirado e descaradamente adaptado da crônica “Delenda Carthago!”, publicada no livro A Disciplina do Amor, da escritora Lygia Fagundes Telles.

Lygia, que em seu discurso de posso na Academia Brasileira de Letras, em maio de 1987, profetizou sobre o mar, a esperança e a palavra:

“O homem vai sobreviver, e essa certeza me vem quando vejo o mar, um mar que talhou com tanta poluição, embora! mas resistindo. Contemplo as montanhas e fico maravilhada porque elas ainda estão vivas. Sei que é preciso apostar e de aposta em aposta cheguei a esta Casa para a harmoniosa convivência com aqueles que apostam na palavra.”

 

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