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Morre Roberto Avallone

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A notícia me surpreendeu ontem, no fim da manhã, assim que terminei de postar o texto da segunda [eu e a mania de silenciar o celular].

Fiquei triste.

Tinha um apreço especial pelo jornalista.

Veio, então, a dúvida: escrevo hoje ou amanhã?

Deixei pra hoje, terça.

Uma tentativa de ficar um tanto mais isento do fato e da comoção que esta perda me trouxe.

Acompanhei ontem os programas esportivos que pude e vi a emoção dos colegas ao se referirem à história e à pessoa do jornalista.

Todos que se pronunciaram, via de regra, admiravam Avallone como eu – vírgula – mesmo à distância, o admirei – exclamação!!!

Minhas melhores referências da carreira de Avallone – interrogação???

São basicamente duas:

1 – o chefe de reportagem do Jornal da Tarde (indiscutível para mim, a mais brilhante equipe de jornalistas esportivos que conheci)

2 – o apresentador do Mesa Redonda, na TV Gazeta, nas noites de domingo.

Desconfio que esta esfuziante persona, criada e vivida às últimas consequências por ele, com bordões que fizeram história, foi a que lhe trouxe mais fama, alguns embates pessoais; mas, sem dúvida, virou referência para uma geração de jovens – e não tão jovens assim – que hoje estão pelaí a tocar o jornalismo esportivo desses tempos multimidiáticos.

Meu time? – dizia. Aqui, sou Jornalismo Futebol Clube. Já a tia Dora… Avante, Palestra!

Ah, sim…

Quer dizer, não – virgula.

Não tive a honra de trabalhar ou mesmo conviver com Avallone.

Algumas raras vezes que eu o encontrei pessoalmente, o fato se deu nas tribunas de imprensa do velho Pacaembu.

Numa delas (uma pitadinha histórica), ele ainda era o homem forte do  JT.

Era chefe do então repórter Marco Antônio Rodrigues (o Bodão, hoje, na SporTv), a quem eu conhecia dos tempos da Escola de Comunicação e Artes, da USP, onde estudamos (eu e o Marcão) na mesma turma de 72/76.

Lembro que os dois se desentenderam na interpretação de um  lance qualquer de um jogo qualquer que assistíamos – e saiu um bate-boca daqueles entre os dois. Foi um perrengue incompreensível aos outros repórteres que estavam no local.

-Lá fora, a gente se acerta – disse um deles, não digo qual.

Eu estava sentado próximo ao Marcão e fiquei na minha. Só desbaratinando, mas atento ao fuzuê. Torci, quietinho, para que não me chamassem para dar o voto de minerva.

Se chamassem, acho que eu teria antecipado um dos célebres bordões que Avallone consagrou:

“Meeeeeeu Deus, exclamação!”

Duas perguntas que ontem me fizeram – e repasso a vocês porque, sinceramente não sei a resposta.

Vieram de ex-alunos de Jornalismo; daí, o tratamento cerimonioso:

A primeira:

“Professor, se o Avallone era tão bom assim e, com tantos e tantos programas esportivos espalhados nas TVs aberta e fechadas, por que  ele andava quase esquecido e não era chamado para uma participação mais efetiva nessa intensa programação?”

A outra:

“Professor, por que o Jornal Nacional não deu sequer uma notinha sobre o falecimento?”

São intrigantes, concordo.

Mas, repito, não sei lhes responder.

Ou melhor, não me sinto confortável em respondê-las.

Não, hoje.

Não há espaço aberto para análise

Contínuo triste.

Amanhã, vou ao Allianz ver Palmeiras e Ituano.

Acho que, quando anunciarem o minuto de silêncio pelo passamento do jornalista, todos vão se calar, depois aplaudir e, quem sabe, gritarão seu nome.

No pique:

Será uma justa homenagem – exclamação!!!

 

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