Foto: Arquivo Pessoal
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Bom dia,
Pertenço ao grupo de seus cinco ou seis leitores.
Gosto especialmente quando os textos tratam de coisas do dia a dia.
Quase sempre me identifico com eles.
Há ocasiões, especialmente quando relembram tempos idos, que suas histórias fazem aflorar em mim lembranças que me são caras.
Sinto-me tão próxima dessas cenas que tomo a liberdade de lhe pedir um aconselhamento.
Vou lhe dizer:
Tenho sonhado constantemente com árvores cheias de frutos.
As árvores são altas.
Vejo as frutas no alto.
Limão, tangerina, mamão, pera…
E comento alto com alguém, que não sei quem é:
“É preciso chacoalhar as árvores para as frutas caírem, senão apodrecerão.”
No sonho, tenho um certo contentamento de ver a quantidade de frutos que as árvores deram.
Também fico surpresa com a rapidez que as árvores cresceram.
Por favor, Sr. Jornalista, me ajude a decifrar quais mensagens esses sonhos trazem…
Atenciosamente
Geminiana Sonhadora
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Dias atrás incautamente publiquei um post/crônica – Leituras de um idiota – em que fiz uma relação de livros que me são caros e outros tantos que uso, vez e sempre, quando empaco com as letrinhas aqui no Blog.
Entre estes últimos, destaquei o inebriante Livro dos Sonhos, do argentino Jorge Luis Borges.
É o único indício que encontro para o tal aconselhamento que me pede a leitora oculta no codinome Geminiana Sonhadora.
Talvez seja isso. Não sei. Mas, não estranho.
Vez ou outra, sou alvo dessas confusões.
Estou relativamente acostumado – e, diria modestamente, me saio relativamente bem dos embaraços.
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Certa vez, esperava minha carona na portaria do prédio quando uma nova condômina chegou e me viu ali, andando algo aflito de lá pra cá, de cá pra lá, e não teve dúvida em se aproximar perguntando:
“O senhor é o marceneiro?”
Respondi que tinha grande admiração pelas artes e o ofício do talhe e arranjos em madeira, mas infelizmente só estava ali à espera do amigo que me levaria à Universidade para a aula do dia.
Ela desculpou-se.
Mas, eu fiquei com a sincera impressão de que talvez eu devesse tentar uma nova carreira.
Toda vez que, daí em diante, encontrei a tal senhora no elevador, fiz questão de lhe perguntar sobre armários, estantes, portas emperradas e que tais.
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Em outra ocasião, esperava o amigo Padre Brito na antessala da sacristia da igreja São José do Ipiranga e uma senhora se aproximou (algo aflita) e perguntou se eu era o padre. Precisava se confessar com urgência.
Disse que não era o padre, mas…
Não esperou que terminasse a frase, virou as costas e se foi, tão desenxabida, tão desalentada.
Fiquei preocupado.
Até hoje tenho lá minhas dúvidas se não devia tê-la perdoado assim de pronto.
Não precisava nem sequer ouvi-la em confissão.
Que pecados poderia ter aquela senhorinha?
“Está perdoada, dona. Reze 10 Pai Nossos, 10 Ave Marias, 10 Glórias, vá à missa aos domingos – e não peque mais.”
Na certa, ela se sentiria bem melhor.
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Houve outros casos, vida afora.
Mas, fiquemos por aqui.
Porque pretendo não fugir ao desafio a mim proposto tão nobremente pela Geminiana Sonhadora.
Seguinte:
Amiga leitora, mesmo sem consultar minha opaca bola de cristal (perdida em algum canto da casa), diria que você incorpora no sonho a produtiva semeadora que é em vida.
Óbvio, não. Ou viajei?
Até aqui está satisfeita e feliz com o resultado do que plantou.
Tem sido uma bela jornada.
Teme, no entanto, que, na hora devida e aprazada, a da colheita, algo possa acontecer que atrapalhe o bom resultado de toda a semeadura.
Eis o desafio perene de toda Humanidade.
Por isso se faz atenta a fiscalizar se é hora de dar o passo necessário (a sacudidela) para a próxima etapa.
Talvez possa esperar um tempo.
Tem a ver com o futuro dos filhos.
(Imagino que os tenha.)
Tem a ver com os próximos passos que você mesmo almeja dar rumo a novos projetos e conquistas.
Quem sabe não é você mesma a árvore, tão bela e próspera, à espera da tal sacudidela para que, enfim, se derramem os frutos.
Talvez espere apoio, incentivo de alguém que está próximo.
Mas, na boa e na sinceridade, você só põe fé em você mesmo.
É provável que, no íntimo, saiba que há coisas que só você pode fazer por você.
Exemplo: o solavanco (impulso) necessário e inefável que nasce sabe-se lá por qual motivo naquela zona misteriosa do nosso ser, entre o fígado e a alma.
É isso!
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Será que lhe ajudei?
Se não ajudei, valeu a crônica de hoje.
Inté…
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O que você acha?