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A reeleição passou e a ponte que parou SP

01. Foram dois anos e três meses de tramitação no Congresso Nacional. Mas, nesta quarta-feira, a emenda à Constituição que estabelece o direito à reeleição para cargos presidente, governadores e prefeitos foi finalmente aprovada no Senado com 62 votos favoráveis, 14 contrários e duas abstenções. De imediato, o presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães, preconizou em seu indefectível baianês: "Está aberto o processo sucessório". Quase que simultaneamente, o líder do PSDB na Câmara Federal, deputado Aécio Neves, lançou a candidatura de Fernando Henrique Cardoso para reeleger-se em 98. "FHC é o melhor nome do PSDB". E arrematou: "A partir de agora já não será preciso dissimular".

02. Um final previsível para o projeto tucano que consumiu mais da metade do mandato presidencial. Um período e outro tanto de energia e confabulações que, seguramente, seriam melhores aproveitados se os interesses pessoais fossem postos de lado e se priorizasse com a mesma determinação projetos de ordem social. O País anda pelo avesso, com um suceder de escândalos (o mais grave deles envolvendo justamente a compra de votos para que a emenda da reeleição vingasse) e metas como saúde, habitação, emprego em franco abandono, relegando a população à própria sorte — ou melhor, seria dizer azar de viver num País com governantes e políticos tão personalistas. E inábeis.

03. Veja o exemplo de São Paulo, a maior cidade brasileira, tida e havida em outros tempos como a metrópole que não podia parar. Hoje, aliás, nesta semana, a "locomotiva" que impulsionava o progresso aos demais rincões brasileiros está se arrastando, em quilométricas filas de congestionamentos, motivados a partir da interdição de uma das marginais. Motivo, prosaico motivo: uma ponte ameaça ruir quase na divisa com Osasco. O notável planejamento viário, que já andava a deriva, faz com que os motoristas paulistanos percam de três a quatro horas para rodar a exuberância de quatro quilômetros. A cidade que não podia parar, como nossos pais se orgulhavam de enaltecer, está com o freio de mão puxado e a paciência no limite a espera de abra o sinal verde do bom-senso entre os homens da Prefeitura e do Governo do Estado.

04. Por enquanto, a idolatrada Sampa está amarela de vergonha e vermelha de raiva pela inépcia de seus administradores. Tanto Governo como Prefeitura agora trocam acusações mútuas, empurrando a responsabilidade pelo problema e a indagação (Quem seria o responsável pela manutenção e conservação da Ponte dos Remédios?) permanece sem resposta. Pior: o paulistano continua enfrentando prejuízos imensuráveis e filas e filas de congestionamentos que a chuva intermitente se incumbe de alongar. Soluções paliativas só na segunda, quando será liberada parcialmente a Marginal do Tietê. Solução definitiva, sabe Deus quando…

05. Os governantes nativos sempre relutam em aprender velhas lições da proverbial política mineira. Não se pode governar de costas para o povo, nem fazer ouvidos moucos aos seus anseios. E o povo quer emprego, habitação, saúde, educação, segurança, reforma agrária… Quer enfim uma vida digna. E não é só aqui não. Veja o que aconteceu na Inglaterra e na França, nas recentes eleições. Quem estava no Poder dançou. Exatamente porque fechou os olhos para as questões populares.