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Agora, o Governo tem pressa

01. De olhos atentos na reeleição, o Governo resolveu tocar o Brasil para frente, via reformas institucionais, aprovadas aos borbotões nesse início de ano. À bancada governista, os recados são objetivos: para os amigos (ou seja, os que votarem com ele, governo), tudo… Aos inimigos, apenas a Lei, que fiquem à mingua. É a velha máxima fascista, adaptada à modernidade dos tempos globalizados. Em ano de eleições gerais, deputados e senadores sabem o quanto custa por seu bloco na rua à cata de votos. Por isso, tucanos, senhores da pefelândia e que tais não terão o menor constrangimento em dançar conforme a música que o seu mestre FHC escolher…

02. Há claros motivos para o trabalhador ficar desconfiado dessa repentina pressa em tudo resolver. Primeiro, e obviamente, porque nada se resolve assim, ainda mais em se tratando de Brasil e brasileiros. Corre-se o risco de cairmos na mesma armadilha da eleição de 86, quando elegemos governadores juntamente com um colegiado constituinte, formado por deputados e senadores. A eleição majoritária priorizou a atenção do eleitorado e dos meios de comunicação. Fomos para as urnas com o nome de nosso governador escolhido, mas sem saber em quem votar para deputado e senador, justamente as duas funções que iriam dar forma e conteúdo à Constituição que projetaria no Terceiro Milênio. Resultado: a Carta Magna pronta em 88 está sofrendo remendo sobre remendo — e não se passaram dez anos de sua promulgação. É inevitável que, aos atropelos, sob os incandescentes holofotes de um ano eleitoral, nossos parlamentares andem às cegas atrás de seu interesse de momento que se reeleger. E, sabemos nós, quase sempre o que é bom para o candidato (promessas, promessas, muitas promessas) o político eleito não vai poder cumprir.

03.Outra evidência clamorosa de que algo está errado no principado do presidente-sociólogo é essa absurda voracidade por impostos, impostos e mais impostos. Tudo pode ser resolvido com uma nova taxa, mínima que seja, mas com endereço certo de engordar o orçamento do Governo. Ninguém fala em racionalizar gastos. Ninguém prestas contas do que se arrecadou, por exemplo, com a CPMF — e qual foi o destino desse dinheiro. Agora, insiste-se na aprovação do imposto dos combustíveis, fala-se em pedágios urbanos. Temo que, dia vai chegar, vamos ter que pagar para pelo ar (poluído) que ousamos respirar para nos manter vivos. E a reforma tributária que tanto a sociedade clama e que justamente poria um fim a essa derrama do dinheiro do contribuinte? O Governo fala que é prioridade. Mas, deixou passar todo um mandato — e nada fez.

04. Nesta semana, a aprovação da reforma da Previdência em primeiro turno pela Câmara Federal gerou uma respeitável onda de protesto por todo o País. Os trabalhadores não concordam com a aposentadoria por tempo de contribuição (35 anos), entre outras questões menores. O Governo prefere não ouvir os reclamos. Diz que a Previdência não tem como manter a aposentadoria nos moldes atuais (por tempo de serviço). É financeiramente inviável…

05. Nesta mesma semana, o governo aprovou a liberação de 22 milhões de reais, que serão garantidos por meio de emendas extra-orçamentárias para áreas de infra-estrutura e saneamento básico. Ao que se sabe, essa foi a solução encontrada para resolver a insatisfação de vários deputados governistas, com a distribuição de cerca de 120 milhões de reais destinados às regiões atingidas pelas intempéries climáticas provocadas pelo fenômeno "El Niño". Alguns parlamentares que não tiveram suas áreas agraciadas com tal "destinação" ameaçavam travar o andamento das emendas. Eis que, após algumas rodadas de negociações na casa do ministro Sergio Motta, encontrou-se a solução. Adivinhe do bolso de quem saiu (e sairá) essa grana…

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