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Esqueceram de mim…

Uma noite qualquer de setembro/outubro de 1989. O repórter da Agência Estado espantou-se quando chegou à porta de uma das casas de espetáculos mais badaladas de São Paulo, o Olympia, localizado no bairro da Lapa. A movimentação era bem maior do que poderia supor suas vãs expectativas.

Desconfiou que seria testemunha de algo extraordinário. Pela primeira vez, uma dupla de cantores sertanejos estaria se apresentando nesse espaço nobre, quase que exclusivamente pelos notáveis da nossa MPB.

Era o único repórter ali presente.

Se não fossem as boas referências do amigo Ismael Fernandes, um apaixonado pela canção “Fio de Cabelo”, ele (repórter especializado na área de Cultura) não tinha quaisquer informações sobre sucesso que os tais vinham fazendo Brasil afora.

Na verdade, até se surpreendeu quando o editor de Cultura, Alceu ou Alfeu – ele nunca soube ao certo qual o nome do chefe que lhe encomendava alguns frilas –, o chamou e lhe passou a pauta.

Estranhou. Mas, topou porque frila nunca diz não.

Não fez fé de que seria um grande espetáculo.

Não acreditou também que cerca de 3 mil paulistanos – a lotação máxima da casa – estaria presente, dando moral e prestígio aos rapazes de exótico penteado à la Pigmaleão e ao gênero, vulgarmente chamado de música caipira.

Hoje, tantos e tantos anos depois, o repórter está longe das redações. Mas, ficou feliz ao saber que Chitãozinho e Xororó completaram 40 anos de trajetória artística, com espetáculo de gala na Sala São Paulo. Entre os convidados, além dos filhos Sandy e Júnior, a fina flor da MPB – Caetano, Maria Gadú, Jair Rodrigues, Fafá de Belém, entre outros – e até uma orquestra sinfônica regida pelo maestro João Carlos Barroso.

Ficou feliz, mas lamentou que ninguém se lembrou de convidá-lo.