Minha carreira teve uma sequência natural. O rótulo (de maldito) me foi colocado de fora para dentro. Agora, meu tempo, sim, foi um tempo maldito – de 68 a 74 não foi lá muito agradável. Mas, aí melhorou, né (ironizou). A partir de 77 veio a tal da abertura – a mesma que proíbiu a Joan Baez de cantar por aqui.
Na verdade, apenas segui o exemplo de meu pai, sem ser aquilo que as pessoas queriam que eu fosse. Caí na estrada. Sempre percorri o Brasil, de ponta a ponta. Nunca fiquei preso somente ao eixo Rio de Janeiro/São Paulo. Comecei em 66 e me profissionalizei em 69. Sempre me propus um trabalho em longo prazo.
Em minhas andanças já estive em muitos lugares. Sou uma pessoa que felizmente sou pôde e pode voltar para todos esses lugares. Amanhã, um prato de comida, uma bebida, um papo. E cada vez mais entre amigos – por aí.
Se valeu?
Meu amigo, é muito bom poder olhar para trás. Aliás, todo show que faço começa com uma musica que diz: “começaria tudo outra vez se preciso fosse”.
É, meu caro, nada foi em vão.
(***)
Reparto com meus caríssimos leitores trecho de uma das tantas entrevistas que fiz com Luiz Gonzaga Júnior – esta foi em 1981 quando lançou o disco “Coisa Mais Maior de Grande/Pessoa”.
Se vivo fosse, ontem Gonzaguinha completaria 70 anos.
Procurei nos jornais, nas rádios, na mídia em geral, alguma homenagem que reverenciasse a data. Vi páginas triplas sobre o Rock in Rio, citações nas rádios aos shows de alguns dinossauros alienígenas, o anúncio das ‘portentosas’ atrações desta semana… Vi muita coisa. Só não vi o devido respeito que este notável cantor/compositor merecia – e merece. Não fosse pelos incontáveis sucessos – como “Começaria Tudo Outra Vez”, “Sangrando”, “Explode Coração”, “Geraldinos e Arquibaldos”, “Grito de alerta”, “Guerreiro Menino”, “É” e tantos outros – fosse minimamente pela criação de um dos versos mais extraordinários do nosso cancioneiro popular:
“Viver e não ter a vergonha de ser feliz.”
Verso que tão bem retrata a alma, o sentimento e a coragem da nossa gente.