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Memórias

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Foto: Jô Rabelo

Qual era a minha idade mesmo?

15 ou 16?

Não lembro.

Por aí…

Mudamos da rua Muniz de Souza no Cambuci para a Lima e Silva no Ipiranga.

Por um tempo (que igualmente não sei precisar) fiquei órfão de amigos e, sobretudo, de parceiros para jogar futebol.

Era um garoto que amava os Beatles e os Rolling Stones, Ben Jor (à época Jorge Ben), Caetano, Roberto e Erasmo (mais Erasmo que Roberto).

Mais do que tudo, amava jogar futebol.

Fosse qual fosse a data, o lugar, a hora… Se fizesse chuva ou sol, frio ou calor.

Me chama que vou!

(Melhor dizendo, ia…)

Futebol de rua, futebol de botão de celuloide, nas quebradas dos terrenos baldios, nos campos da  várzea paulistana e até mesmo aquele que se jogava em quadra com uma bola pesada que não pulava, um tal de  futebol de salão…

Me chama que eu vou!

Fui estudar no colégio chamado IV° Centenário na rua Bom Pastor.

Logo me enturmei com uns figuras que não eram lá como os meus amigos barra-pesada e bons de bola no Cambuci, mas também gostavam de bater uma bolinha de quando em quando.

Um deles era o Astro (de Astrogildo, ok?) que tinha como paizão o Sr. Nivaldo que trabalhava na Federação Paulista de Futebol e era amigo de um promissor líder comunitário de nome Guilherme Teodoro Mendes que era amigo do então governador Laudo Natel.

Talvez Natel fosse indicado a governador de São Paulo, não lembro bem…

Fim do bloco das apresentações.

Estávamos ali na referida Bom Pastor na porta do Fefe’s Dog esquina com a Lucas Obes.

Uns queriam ficar por ali.

Outros preferiam dar uma caminhada de dois quarteirões. O hambúrguer da lanchonete do Seo Oswaldo era bem melhor.

Foi quando o Astro chegou com a novidade:

“Arranjei um time pra gente jogar. Coisa fina.”

Ops.

Quando, onde, com quem e contra quem?

“Calma, rapaziada…”

O Astro explicou tintim por tintim:

Havia um projeto de construção de um centro esportivo nos terrenos vagos que se situavam à beira da Estrada das Lágrimas. Seria a sede da Associação Cristã de Moços do Ipiranga.

O pai dele que disse.

Explicou que a sede seria mais para o lado de São Caetano, nas imediações da avenida Almirante Delamare.

O Sr. Guilherme estava tratando disso – ele seria o presidente, indicado pelo indicado Laudo Natel.

Um dos nossos, o Oswaldo Bode, desencantou:

“Caspite, vai demorar então… Já estava pensando em ensebar as chuteiras.

Astro fez pose de dono da verdade:

“Não precisa. É keds, rapaz! Vamos jogar futebol de salão.”

E disse mais:

“Meu pai falou que o homem (o Sr. Guilherme) já mandou fazer as camisas. A gente só tem que levar meia branca e calção branco pra ficar nos trinques. Não pode bagunçar. Ele é importante e quer as coisas bem organizadas. Meu pai que falou…”

– Ah, quem não tiver uniformizado não joga.

Fez uma pausa e acrescentou:

“O jogo é domingo de manhã. Na quadra do Bandeirantes na Vila Carioca.

No dia e hora aprazados, estávamos lá nos conformes.

Fizemos fila para receber cada qual sua camisa (vermelha, de algodão grosso; provavelmente feita numa das malharias do bairro) das mãos do próprio Sr. Guilherme T. Mendes.

Ameaçava chover. A quadra era descoberta, mas teve jogo.

Se bem me lembro, eu joguei no gol.

Era novo na turma.

Anos e anos se passaram.

O projeto da ACM do Ipiranga não resistiu à ocupação dos terrenos de Heliópolis.

Fiz uns dois ou três jogos.

Fui jogar no segundinho do Huracan da Várzea do Glicério.

Mais tarde virei jornalista e trabalhei por quase 30 anos na Gazeta do Ipiranga.

Voltei a encontrar o Guilherme Teodoro Mendes.

Ele se destacou no comando de diversas entidades e clubes de serviços locais.

Uma personalidade do bairro que é uma cidade.

Eu o entrevistei dezenas e dezenas de vezes.

A primeira, quando era superintendente da Comgás, no governo de quem?

Acertaram!

Laudo Natel.

Trabalhei com seu irmão, o saudoso Chiquito (Francisco Teodoro Mendes), colunista de GI.

Desconfio que nunca conversamos sobre isso.

Sempre ficava sem graça, e ele tinha mil e um projetos a tocar.

Nesta semana, dias atrás, o amigo Nappi (que foi presidente do Clube Atlético Ypiranga) me encaminhou notícias do Guilherme Teodoro Mendes.

Disse que foi visitá-lo…

Fiquei emocionado.

Passou aquele filminho que passa na cabeça da gente toda vez que algo luminoso e fugaz nos leva para o planeta encantado dos dias em que éramos felizes.

É isso!

Obrigado, Nappi!

Sigamos…

 

 

 

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