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Quintana (2)

Porque ainda não chegou a Primavera –
mas, sei: está pela aí. Questão de horas…

Porque quero dar a vocês uma leitura
de altíssimo nível, e livrá-los
das minhas destemperanças…

Porque considero Quintana o primeiro e o melhor dos
blogueiros, sem nunca ter postado uma linha sequer…

Enfim, porque é sexta-feira…

Sigo à risca o título do livro “Da Preguiça Como Método de Trabalho”, do poeta gaúcho Mário Quintana (1906/1994). Desta obra, lançada em 1987 e relançada agora pela Editora Globo, compilo alguns trechos que, considero, geniais.

I.

O BOM DORMIR

Quando desperto assim – tranqüilo e manso o coração – já sei de tudo: é que minha pobre alma esteve a noite inteira a repousar, por mim, naquele velho quarto de um casarão antigo, tão antigo que já nem mais existe neste mundo.

II.

VOCÊS JÁ REPARARAM?

Nos salões dos sonhos não há espelhos…

III.

CRÔNICA

Ah, essas pequeninas coisas tão cotidianas, tão prosaicas às vezes, de que se compõe a tessitura de um poema…

Talvez a poesia não passe de um gênero de crônicas, apenas – uma espécie de crônica da Eternidade.

IV.

TROVA

Os poetas jogam os poemas
por sobre as águas do mar.
Na praia do Mar do Tempo
que versos irão chegar?

V.

VERSO AVULSO

… o luar é a luz do sol que está dormindo…

VI.

OS FANTASMAS NÃO FUMAM

… e o nosso fantasma apaixonado fumou tanto, tanto, que acabou fumando a si mesmo.

VII.

É ISSO MESMO

Quem nunca se contradiz deve estar mentindo.

VIII.

DIÁLOGO BOBO

— Abandou-te?
— Pior: esqueceu-me…

IX.

EPÍGRAFE PARA UMA HISTÓRIA DA FILOSOFIA

O exercício da filosofia nunca solucionou coisa nenhuma, é como jogar xadrez consigo mesmo. Fica-se eternamente empatado.

X.

SEGUNDA

O pior da segunda-feira é que a gente sempre chega atrasado. “Meu Deus! Como é que fui perder a primeira feira?!”

XI.

ETERNIDADE

A eternidade é um relógio sem ponteiros.

XII.

O VENTO

O vento gosta de cantar: quem faz uma letra para a canção do vento?