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Um quase amigo em Roma

Ele nos atendeu cerimonioso, mas com palavras gentis.

Destacava-se o colete vinho salpicado de pequenas estampas sobre a impecável camisa branca, típica dos garçons.

Entramos meio que ao acaso no pequeno restaurante numa das ruas centrais de Roma.

Enquanto consultávamos o cardápio, meu filho resolveu praticar suas habilidades no idioma de Dante. Elogiou a elegância do senhor que nos servia – e que passava dos setentinha fácil, fácil.

— É de seda indiana, respondeu empertigando-se todo e ajustando melhor o colete ao corpo.

A pergunta, creio, aguçou sua curiosidade sobre nós, encapotados viajantes.

— São portugueses, perguntou.

— Brasileiros, dissemos quase que em uníssono.

Ele abriu um largo sorriso.

— Morei no país de vocês há muitos e muitos anos. Tenho boas lembranças.

A partir daí, diria, o senhor ficou quase amigo do nosso grupo. Falou de suas viagens mundo afora como marinheiro em um navio mercante, das maravilhas do nordeste brasileiro, das aventuras pelos países da América Central.

— Era praticamente um nômade.

À saída, despedimos como velhos conhecidos. Um dos nossos empolgou-se, e falou que o esperávamos no Brasil para retribuir o carinho, o vinho e a deliciosa refeição.

— Aquela “caipirinha” de vocês é dos deuses, mas derruba qualquer um.

Insistimos no convite, mas desta vez a sinceridade do homem nos comoveu.

— É mais fácil os amigos retornarem a Roma para me ver. Não tenho mais idade para essas coisas. Agora só viajo nas minhas lembranças ou quando ocasionalmente encontro pessoas como vocês.