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Um (quase) radialista

Foto: Reprodução do cartaz do filme A Era do Rádio, de Woody Allen

Acreditem os amigos leitores que, por um brevíssimo espaço da minha humilde existência, eu ataquei de radialista.

Não sei se já falei dessa experiência por aqui.

15 anos de Blog. Impossível que eu não tenha lhes contado algo sobre esse aprendizado.

Lembro ter escrito algo sobre, mas gastei a cachola e o dedo, nesses dias, a clicar as tais palavras chaves no ícone de BUSCA – e nada encontrei.

Se quiserem me ajudar, dou as referências.

Foi na Gazeta FM.

Meados de 1983.

O diretor artístico era o Álvaro Soares.

O programa chamava-se MPB em Destaque.

(O Álvaro que escolheu esse título originalíssimo.)

Ia ao ar aos domingos, das 19 às 20 horas.

Eu era o produtor.

Selecionava o tema.

Fazia a escolha das músicas e dos interpretes.

E escrevia…

Só não apresentava o programa porque o Álvaro queria alguém do ramo para fazê-lo.

Alguém, registre-se, com voz empostada ao estilo dos locutores da então Rádio Eldorado.

Também porque eu me escondia em meio aos vinis e estantes da discoteca da emissora só de ver um microfone.

Dava um trabalho danado, mas eu adorava.

Faço uma breve resenha de como tudo aconteceu:

Ali por volta de 1982 e 83, um dileto amigo, Álvaro Soares, foi chamado para coordenar e implantar o projeto de viabilizar uma programação de música instrumental para uma nova emissora: a Scala FM (que então pertencia ao Diário do Grande ABC).

Diria que era um projeto, ao mesmo tempo, ousado e conservador.

Estava na contramão do que se vivia à época – a explosão das FMs voltadas quase que exclusivamente para o público jovem e roqueiro, de linguagem despojada.

A Scalla apostava na origem das FMs, que reunia uma locução formal a uma categorizada seleção musical.

Incrível!

A rádio foi um sucesso imediato.

Tanto que logo o Álvaro recebeu um convite da Gazeta FM para implantar a mesma programação na emissora da avenida Paulista.

Só que na Gazeta FM – tida como a primeira emissora FM do Brasil – o amigo resolveu sofisticar.

Aos sábados e domingos, a programação noturna seria preenchida com atrações especiais.

O próprio Álvaro comandaria um programa sobre trilhas sonoras de grandes filmes.

O saudoso Roberto Corte Real teria um horário para “O Melhor do Jazz”.

Havia outras propostas temáticas. Mas, sempre nesse, digamos, nível.

Para mim, ficou o que o Álvaro chamou de “seleta música do Brasil”.

Bem, eu não entendi exatamente a pomposidade da temática do meu desafio.

Mas, topei na hora.

Desde que fizesse do meu jeito.

….

Vou lhes dizer que não ganhei um tostão na brincadeira.

Fiz uns 13 programas.

Ouvi alguns elogios de amigos e mesmo do pessoal que trabalhava na Gazeta.

Digamos que eu estava me saindo bem.

Porém, e sempre existe um porém, o Álvaro se indispôs com os diretores da emissora.

Nunca soube exatamente o motivo.

Pediu demissão ou foi demitido, não sei.

Sei que saiu bravo, indignado, pisando duro e bradando aos quatros cantos:

“Quem veio comigo vai sair comigo! São profissionais, meus amigos e não suportam injustiça!”

Como lhes disse, o pró-labore ali não dava sinais de vida.

Banquei o ponta-firme.

Fui solidário ao amigo.

Enfim, assim é a vida…

EM TEMPO:

Descobri aqui, no fundo de uma dessas caixas de arquivo, uma penca de papéis esparsos com os roteiros dos 13 programas que produzi entre maio e agosto de 1983.

A partir de segunda-feira, dia 6, vou tentar adaptá-los ao nosso Blog.

Diria que é uma coisa pessoal.

Vale o registro.

Já prometi a mim mesmo que, para ser fiel às origens, não haverá cachê.

Tomara que gostem…

Ainda nenhum comentário.

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