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Oficina da saudade

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Quem não tem o que fazer, arranja um jeito de se ocupar, “de se coçar”, diria Dona Yolanda, minha mãe.

“Mente vazia, oficina da saudade”.

Ela adaptava o provérbio, na maior.

Eita!

(…)

Cismei em dar uma geral na papelada que guardei ao longo dos anos de trabalho, com o sincero princípio de que, algum dia, me seria útil. Ou na sala de aula ou na elaboração de algum texto ou pelo simples deleite da leitura.

Desconfio que fiz raras consultas ao espólio.

Enfim…

É uma tranqueira o que tenho de recortes de jornais, de revistas, folhetos de viagens, apostilas acadêmicas, transcrições de seminários, recuerdos impressos de todos os naipes e conteúdos.

Estou baixando tudo – e encaminhando para a reciclagem.

Na boa.

Serão bem mais úteis.

(…)

Vez ou outra salvo alguma dessas relíquias que ainda me parecem fazer algum sentido.

Foi nesta incerta pescaria que me saltou aos olhos um brevíssimo recorte de jornal, com trecho de uma coluna do craque Tostão, na Folha de S.Paulo, sem data precisa.

Por ser minúsculo, resolvi ler – e me encantei.

(…)

Tostão é uma dessas raras genialidades que se dá bem em tudo o que faz – no futebol, na medicina, na crônica esportiva e, pelo que ouço dizer, no cultivo à amizade entre os que lhe são caros.

Aqui, o craque da bola e do texto fala sobre Eternidade.

Achei ótimo.

(…)  

Vou transcrever, na maior caradura:

Freud, o sábio do século no estudo da mente humana, escreveu que passeava, após a Primeira Guerra Mundial, com um amigo poeta e que este, amargurado, lhe falava da tristeza de ver tudo destruído.

O poeta sofria com a morte de pessoas queridas, com o desaparecimento de belos monumentos e lamentava que as coisas belas e o amor não fossem eternos.

O descobridor do inconsciente respondeu que a eternidade era uma ilusão criada por nossa mente, para nos confortar diante da perda da fragilidade humana. Disse que tudo que amamos e perdemos continua eterno, mas em nosso pensamento.

Completou, dizendo que a beleza da vida estava na transitoriedade e na renovação. Precisamos desfrutar o momento, amá-lo intensamente, mesmo sabendo que não será eterno.

Talvez a ausência e a separação sejam a condição para que o amor se torne eterno.

(…)

A propósito, muito humildemente, este blogueiro sem noção também ousou enveredar por tema correlato em alguns alinhavos postados em tempos idos.

Lembro – e gosto – especialmente de uma série de crônicas que escrevi em uma semana de julho de 2007.

Chama-se Não sei se sei…

Eu as reuni em um só texto.

Se me derem a honra… CLIQUEM AQUI

Tomara que gostem!

Foto: Jô Rabelo

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