Foto: Vatican News/Divulgação
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Iguais, mas diferentes.
Imagino que os conheço relativamente bem.
Não posso garantir.
O de Cá e o de Lá encontram-se em frente ao espelho – e passam a conversar sobre a emblemática frase do Papa Francisco:
“Vocês, brasileiros, não têm salvação. Muita cachaça e pouca oração.”
– Tirou onda, diz o de Cá.
– Mas, tem lá suas razões, acrescenta tristemente o de Lá.
– Estava num momento de descontração. Foi abordado por um grupo de jovens padres brasileiros. Uma provocação.
(O de Cá, tantos anos na lida, prefere não admitir que toda a jornada foi em vão.)
– A frase tem um porquê, um significado. Faz pensar, retruca o de Lá que, diga-se, sempre foi o mais cético.
– Gosto do Papa Francisco. Ele é gente como a gente, disfarça o de Cá sem escapar ao lugar comum.
– Também o admiro. O principal líder mundial hoje – reitera o de Lá. – Nele, o Divino se manifesta exatamente quando se faz ainda mais humano, próximo às gentes humildes, aos que mais precisam.
– Isso é bonito, não?
– É um dom!
– Penso que foi só uma brincadeira, insiste o de Cá.
– Brincando, brincando, as verdades são ditas.
O de Lá está convicto de que as palavras de Francisco, assim como as de Jesus nos Evangelhos, são diretas e retas.
Então acrescenta:
– A cachaça não é só a aguardente, é o nosso habitual “nem aí pras coisas”. A pouca oração é a nossa indiferença ao compromisso, ao enfrentamento dos problemas reais que nos afetam e oprimem.
– Será?
– Eis o alerta. Rezemos pelo Santo Padre e que Francisco reze por nós.
– Rezemos.
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O que você acha?