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A pantomima e o Congresso vazio

01. Fim da pantomima. Na quarta-feira, o Tribunal Superior Eleitoral deu como inelegível o ex-presidente Fernando Collor para a eleição presidencial deste ano. Em votação unânime, os ministros do TSE declararam que o tal "caçador de marajá" não pode concorrer a cargo público em função da proibição imposta pelo Senado em 92, quando se concluiu o processo de Impeachment. Collor andava todo sestreiro por esse Brasil afora, dizendo-se candidato a presidente e pleiteando inclusive que seu nome passasse a figurar obrigatoriamente nas pesquisas de opinião. Dizia-se vítima de uma injustiça, pois tal omissão prejudicava consideravelmente o desenvolvimento de sua campanha…

02. Collor deve insistir. Já anunciou que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal por meio de recurso e medida cautelar. "Vamos esgotar todas as possibilidades jurídicas" — anunciou em tom messiânico, como costumava fazer nos seus tempos de presidente. Analistas políticos, porém, não enxergam a mais remota possibilidade do STF reformular a sentença. Portanto, salvo uma catástrofe jurídica, estamos livre dessa ameaça. Ao menos, por enquanto…

03. No Congresso, porém, a pantomima continua… Depois das férias de meio-de-ano, duas sessões em agosto e pronto! Deputados e senadores só retornarão ao Congreso Nacional, para votar temas de relevância, em outubro após as eleições gerais. Passou a vigorar desde ontem o chamado "recesso branco". Apenas dois parlamentares comparecem ao plenário e discursam formalmente para o auditório vazio. Falam de planos e projetos de interesse duvidoso e configura-se, assim, como expediente cumprido. Enquanto isso, os distintos representantes do povo continuam, em plena campanha, em seus redutos eleitorais. Claro que recebem vencimentos integrais no fim do mês… Dinheiro que sai do bolso do contribuinte, acrescente-se. Se houver necessidade, dadas as circunstâncias, de se votar uma matéria urgente, então a presidência do Senado e da Câmara vai comunicá-los por telegrama…

04. Fica difícil para qualquer pessoa, em sã consciência, acreditar que esses senhores estejam "trabalhando" para um Brasil literalmente de todos os brasileiros. Fica sempre a impressão de que, embora legalmente correto, o comportamento do Congresso, informalmente aceito por todos os partidos, faz com que se paralise as chamadas "grandes questões nacionais". Estão a espera de um momento mais adequado ao interesse de quem ocupa o Poder e vale-se de todos os recursos para manter-se no Poder. Assim, se amanhã ou depois, os institutos de pesquisa mostrarem que é necessário uma medida de impacto para garantir a reeleição de FHC. Lá, estarão eles, todos, firmes e fortes, votando uma medida de impacto que defenda o interesse nacional, que circunstancialmente é o mesmo daqueles que sonham em se perpetuarem como senhores do Brasil.