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A saga do Poeta contra os senhores da mídia

Poeta, outro amigo querido e personagem relativamente frequente em minhas crônicas, deixou de poetar.

Está longe das rimas e das musas.

(O que pessoalmente lamento, pois era bem divertido vê-lo esparramar-se em sentimentos, lágrimas e versos pela musa inatingível.)

Ele agora está cursando um mestrado em Comunicação Social e, me garante, só tem tempo para as leituras e os compromissos com a Academia que, confessa, lhe darão “a sustança intelectual” necessária para uma alentada dissertação sobre “O Poder de Manipulação dos Grandes Conglomerados de Comunicação em um Mundo Turbinado Por um Tsunami de Informações”.

“Meu caro, quando não estou lendo na biblioteca, estou diante do computador escrevendo artigos científicos sobre esses novos tempos comunicacionais tão conturbados. Não tenho mais tempo pra nada, nem nos finais de semana”, me diz com ares professorais.

E acrescenta:

“Inclusive, vencida esta etapa, penso em conseguir uma bolsa e fazer o doutorado no Exterior”.

II.

Quem diria, o Poeta; quase não o reconheço.

“Pois é, os tempos não estão para o sentimentalismo barato. O País está à beira do precipício. Precisamos estar atentos ao mundo novo que é transdisciplinar, múltiplo, simultâneo e digital. Transformador. Esta é a palavra, a definição, concorda?”

Não concordo, nem discordo – e, para ser franco, nunca havia pensado nisso.

Putz.

Seria tão bom, penso, se o amigo voltasse à normalidade.

Será que foi a falta de água nas torneiras da Vila Brasilina, onde mora, ou se algum raio desses que têm caído na cidade causou alguma pane nos neurônios do amigo.

III.

Ele está irredutível nesta nova versão de Dom Quixote de La Mancha.

(Estou gordinho, mas não me confundam com Sancho Pancha, por favor.)

Diz que este é apenas o primeiro passo para desmascarar os senhores da mídia e seus tentáculos opressores.

“Informação é poder, sabia?”

Imagino.

E, juro, começo a gostar dessa sua nova saga.

Até porque acreditar em um sonho impossível, e lutar por ele, é também uma forma de poesia.