Assisti, noite dessas, a uma das eternas reprises da Escolinha do Professor Raimundo, no Canal Viva. Fiquei extasiado com o ritmo e a agilidade do programa, comandado por Chico Anysio no tom exato e à frente daquele grande elenco de humoristas – Walter D’Ávila, Rony Cócegas, Mauro Mendonça, Castrinho e outros tantos.
— E o salário, ó…
Era a fala final do professor Raimundo Nonato diante de um dos tantos descalabros dos alunos.
Não sei se foi a nostalgia própria a um sessentão ou se foi a constatação de que estava diante de um momento raro da TV brasileira. Fiquei elencando outros programas que tinham o mesmo porte.
Pensei de cara na Praça da Alegria, dos tempos de Manoel de Nóbrega e mesmo nos primeiros tempos sob a batuta de Carlos Alberto de Nóbrega. Reunia um time de personagens impecáveis: o menino de Itú (Simplício), o Sr. Explicadinho que queria saber “tudo nos mínimos detalhes” e a Velha Surda (Rony Rios), a Katifunda (Zilda Cardoso) e o Golias… Ah! o Golias nos seus melhores tempos era hilariante.
Por falar em Golias, inevitável registrar “A Família Trapo”, momento mágico, único da TV brasileira. Golias, como o imprevisível Bronco, era ladeado por outros atores/comediantes de primeira: o saudoso Otelo Zeloni, Renata Fronzi, Jô Soares, Cidinha Campos, Ronaldo Corte Real. Texto de Carlos Alberto de Nóbrega e do próprio Jô. Direção da famosa equipe A – Nílton Travesso, Tutinha, Manoel Carlos e Raul Duarte.
Outro programa que me surge à mente é o Chico City, com a galeria de tipos inesquecíveis criados por Chico; Bozó, Coronel Limoeiro, o Silva, Santelmo, o Profeta e outros mais.
Notável a contribuição de Chico Anysio para o humor da TV brasileira desde seus primórdios. Chico Anysio Show foi uma revolução.
Me ocorre títulos renomados como Viva o Gordo (Jô Soares), o Planeta dos Homens (Jô e Renato Corte Real), Grande Show União (que tinha Pagano Sobrinho como mestre de cerimônias), Balança Mas Não Cai, com o célebre quadro Primo Rico, Primo Pobre, entre outros.
Alguém chama minha atenção para ‘a revolução’ da TV Pirata, com Luiz Fernando Guimarães, Ney Latorraca, Regina Casé e parceiros.
Eram bem divertidos mesmo.
Mas, sinceramente, não tinham a genialidade de pioneiros.