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Beco sem saída

Meu amigo, o saudoso Waldemar Roberto Copinni, virou nome de passarela, ali nos arredores do quilômetro 10 da via Anchieta.

Quem me deu a notícia foi outro amigo, o Maurício de Castro. Há tempos eu não o via e fui encontrá-lo por acaso hoje cedo em frente ao prédio de apartamentos onde mora minha mãe, em São Bernardo. Ele estava fazendo campanha para outro bom amigo, o Ary de Oliveira, que é candidato a vereador.

Maurício tem política no sangue. É filho da ex-prefeita de São Bernardo, Tereza Delta, foi vereador durante um montão de tempo e agora, mesmo sem pleitear nenhum cargo, se diverte na função de cabo eleitoral.

Nesta manhã, ele andava pelo bairro do Planalto na companhia do prefeito William Dib. A quem, aliás, fez questão que eu cumprimentasse.

Dib, por sua vez, me saudou como se fossemos grandes amigos — o que deve ter impressionado, pra caramba, os vizinhos da minha mãe:

— Olá, meu rapaz, como vai a vida?

Quase lhe conto dos meus penduras no banco e da prestação do carro novo. Mas, me toquei que não era o momento. Afinal, o filho da Dona Yolanda aqui estava em alta, conversava com o prefeito, parecia gente bem…

O pessoal cresceu os olhos. Não podia estragar tudo naquela hora.

Diria que me senti um pouquinho importante.

Que bobagem!

No meio da confusão, nem perguntei ao Maurício como está e por onde o Ary.

Fica para próxima, pois lá vai o Maurício, sempre ao lado do prefeito, em meio às bandeiras e à indefectível turba de correligionários. Está feliz que só pinto no lixo…

Volta, porém, para se despedir e deixa um recado que me faz pensar.

— Um abraço, Rodolfo. É isso aí. Enquanto estiver por aqui vou trabalhar para ‘imortalizar’ os nossos grandes amigos…

Fiz um balanço rápido dos que já se foram…

O AC virou rua, o Ismael é nome de sala na Usp, o Marques dá nome a uma praça no Ipiranga e agora o Made virou passarela.

Preciso me cuidar. Entro na academia na próxima segunda. Afinal, tão cedo não quero saber de virar placa de rua. Rua? No meu caso ficaria mais apropriado um beco sem saída em alguma viela de Sampa — que, exagerando, é só o que me cabe e mereço…

[Texto publicado no livro "Meus Caros Amigos – Crônicas sobre jornalistas, boêmios e paixões"]