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Bossa nova

Meus amigos e, principalmente, meus inimigos…

Vou lhes dizer com todas as letras.

Sempre tucanei em termos de bossa-nova.

Não seria agora – aos 57 anos de idade, eu; e nas comemorações dos cinquentinha dela – que iria roer a corda e dizer que sempre a amei de paixão.

Gosto, mas não me enrosco.

Para começar quando ouvi “Chega de Saudade” pela primeira vez no rádio de casa, achei divertida a história dos “peixinhos a nadar no mar”.

Considerem que tinha sete anos, por favor.

Sei que nomes como Caetano, Gil, Chico e outros tantos costumam dizer que a audição de João Gilberto foi um divisor de águas e cousa e lousa e maripousa.

Mas, há que se compreender: eles eram um tantinho mais idosos que eu. Tinham lá seus quinze, dezesseis anos e, além de tudo, eram – e são – gênios.

Eu, registre-se, sempre fui “um menino de mentalidade mediana”.

Aliás, inesquecível para mim foi a primeira vez que ouvi uma música de Jorge Ben. Foi “Chove Chuva”, com aquela introdução refinada e os versos simples a pontuar um ritmo que não era bossa, não era samba, não era jazz. E era um pouco de tudo ou de tudo um pouco. Mas, principalmente já trazia a indelével marca de outro gênio da MPB.

A molecada estava reunida em frente à venda do seo José, quando o rádio tocou a canção. Lembro do Darci, que era mais velho que nós e saía como batuqueiro da Império do Cambuci, a nos intimar que prestássemos atenção na batida do violão, diferente de tudo o que já tínhamos ouvido.

Mas, o que me impressionou foi a letra.

Tão simples, tão direta…

Uma sensação que aumentou ainda mais, semanas depois quando ouvi “Por Causa de Você, Menina”.

“Mas, você passa e não me olha.
Mas, eu olho pra voxê.
Você, não me diz nada.
Mas eu digo pra voxê.
Você por mim não chora.
Mas eu choro por voxê”

Havia até uma polêmica sobre a interpretação de Benjor. Diziam que ele tinha a língua presa porque dizia ‘voxê’, e não você no fim de cada verso.

Eu nem liguei. Adorei a música e os versos.

Era tudo o que eu queria dizer para Ligia — e ela não dava a mínima para mim.

Eu tinha onze anos…