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Confundir para não explicar

01. Em período pré-eleitorais, a Redação de Gazeta do Ipiranga vive um cotidiano diferente, com o freqüente entra-e-sai de candidatos e assessores. Ainda nesta semana, dois nomes de extraordinária relevância para a História contemporânea do País estiveram em GI para falar de suas candidaturas. Almino Affonso é candidato ao Senado e Franco Montoro à Câmara Federal, ambos embora em fronts diferentes hoje (um no PDT, outro no PSDB) foram (e são) exemplos vivos da luta pela redemocratização do País que vingou especialmente nas décadas de 70 e 80 e que, queiramos ou não, projetou o Brasil que aí está…

02. Sei que, ao leitor, pode parecer confuso. Comecei enaltecendo as figuras de Almino e Montoro e, a seguir, falo de um "Brasil que aí está" e que, sabemos nós, está caindo pelas tabelas — ou melhor seria dizer pelos pregões. No entanto, a constatação é inevitável. Lutamos pela democracia, mas só essa conquista não foi (nem poderia ser) suficiente para garantir um mínimo de cidadania a todos os brasileiros. Cidadania, aqui, entendo por acesso à educação, moradia, emprego, salário digno, saúde e tudo o mais que possa assegurar o que os modernos chamam de "qualidade de vida" e os antigos definiam como a preservação da nossa dignidade…

03. O Brasil pós-diretas não soube zelar pelos seus filhos, não soube olhar para o futuro. E por culpa, unica e exclusiva, das chamadas elites que fingem se renovar no Poder, mas que, na verdade, estão sempre às voltas do Palácio do Planalto, induzindo, direcionando, conseguindo… Seja qual for o habitante da ilustre morada, são eles que impõem as regras do jogo. Quem não se lembra do socorro aos bancos, logo no início do Governo FHC? E a junção de forças em prol da emenda da reeleição, a quem atendeu?

04. Aliás, uma característica desta eleição é a máxima chacriniana. Confundir é melhor do que explicar. Exemplo claro são os outdoors que estampam Maluf e Fernando Henrique numa calçada. Em outra, a dobrada certa é o presidente e Mário Covas… Durma-se com um oportunismo (eleitoral) desses.

05. Mais confusão. O empresário Antônio Ermírio de Moraes foi enfático: "Diante da crise internacional, se entar um candidato despreperado, como o Lula, aí vem uma bomba de hidrogênio". Já o brasilianista Thomas Skidmore também não deixou por menos. "Fernando Henrique não é o líder para uma cruzada contra a miséria" que, sabe-se hoje, atinge a 30 milhões de brasileiros.

06. Afirmação por afirmação, fico com a que li num pára-choque de caminhão que circulou nesta semana pelo Ipiranga: "A quebradeira é tanta que, se o marido chamar a esposa de bem, o Banco vem… e toma!"