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Devo, não nego…

Devo tanto a tanta gente que sempre me surpreendo quando alguém, a exalar naturalidade e autosuficência, diz não dever nada a ninguém.

Sou um cara simples, nascido no velho bairro do Cambuci, crescido no Ipiranga quatrocentão, lavado e enxaguado nos becos e baques da vida que estranha a afirmação, quando a ouve. Mas não comento, nem retruco. Aprendi que cada um é cada um, como diz aquela canção do Cláudio Zoli (que o vulgo conhece como Namoradeira).

Apenas estranho, que é de meu direito e dever.

Aliás, o pai sempre citava um ditado calabrês:

“O que a gente não entende a gente estranha.”

Faz sentido.

E olhem, caríssimos cinco ou seis leitores, não estou falando aqui de situações honrosas como a que viverei na próxima semana, quando quitarei a última parcela do carro que comprei em sessenta meses.

(Isso não foi um carnê foi uma ultramaratona.)

Falo, sim, de truques e traquejos que a vida graciosa e abençoadamente nos dá.

Querem um exemplo?

Devo à professora de Literatura do cursinho (imperdoável esquecimento, não lembro o seu nome) a paixão pela palavra impressa; em especial, pelos livros. Já era um leitor interessado, que frequentava a biblioteca municipal do Ipiranga, atrás das obras de Machado de Assis, José de Alencar, Lima Barreto, os clássicos nacionais. Mas, foi na então modesta casa que era a sede do Etapa, na avenida Consolação, que se deu o envolvimento (quase revelação) e a paixão (pela Literatura, eoutro tantinho pela professora).

Certamente, foi o atalho que me levou à USP, ao curso de jornalismo e a tudo o que hoje sou (que não é muito, mas me diverte e compraz).

Outro exemplo.

Devo a delicadeza dos acordes da introdução de “Chove Chuva”, do então Jorge Ben, o despertar de um encantamento para a música popular brasileira que também marcou (e marca) cada um dos meus dias. Tentei tocar violão, mas encantamento não é dom. Preferi escrever sobre esses privilegiados que se expressam musicalmente por nós – e emocionam e nos confortam e (por que não?) nos inspiram.

Viver sem música é mesmo um grande equívoco.

Mais um exemplo, para finalizar.

Devo o post de ontem ao meu filho. Tive um dia corrido de afazeres, reuniões e compromissos. Ele estava de folga do jornal. Quebrou um grande galho. Obrigado, Filhão…