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Do Poeta sobre o Poetinha e Braga

Tenho um amigo Poeta.

Quer dizer, não pe assim um poeta-poeta.

Nem livro publicado tem.

Mas deu de escrever versos inteligíveis, mas doído que só, desde que a moça que ele amava o abandonou.

Meus cinco ou seis amáveis e fiéis leitores o conhecem de nome. Vira-e-mexe, ele dá as caras por aqui. Quase sempre para dividir espaço com o onipresente Escova ou para comentar meus modestos alinhavos.

Foi o que hoje aconteceu.

Inspirado na postagem de ontem (quando publiquei no site uma crônica/homenagem de Rubem Braga a Vinicius de Moraes), o amigo Poeta chama a minha atenção para a dolente reverência que o Poetinha fez ao Velho Braga, quando este completou 60 anos.

Chama-se ‘Soneto ao Sessentenário de Rubem Braga’ que transcrevo a seguir, a pedido do meu camarada:

Confiram!

“Sessenta anos não são sessenta dias
Nem sessenta minutos, nem segundos…
Não são frações de tempo, são fecundos
Zodíacos, em penas e alegrias.

São sessenta cometas oriundos
Da infinita galáxia, nas sombrias
Paragens onde Deus resgata mundos
Desse caos sideral de estrelas-guias.

São sessenta caminhos resumidos
Num só; sessenta saltos que se tenta
Na direção de sóis desconhecidos

Em que a busca a si mesma se contenta
Sem saber que só encontra tempos idos…
Não são seis, nem seiscentos: são sessenta!”

(Itaguá, 1973)

*Poema está no Livro de Sonetos, de Vinicius de Moraes