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Martinho, o da Vila e do samba

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Martinho, o da Vila, completou 80 anos nesta segunda-feira de carnaval.

Não haveria dia melhor.

Na esteira da série das justas comemorações, o sambista recebeu uma série de homenagens. Foi reverenciado pela escola do coração, a Vila Isabel, em plena Sapucaí e, merecidamente, virou tema do enredo da Unidos do Peruche em São Paulo, uma das mais tradicionais de nossas agremiações. A que insiste em não virar ‘empresa’ e, assim, preservar os valores mais autênticos do samba paulistano.

II.

Soube que Martinho se apaixonou pela Peruche ao conhecê-la mais de perto.

Faz todo o sentido.

Martinho é raiz de tudo o que hoje se vê em termos de reverência ao samba, como legitimo valor cultural da nossa gente.

Foi o sambista que, com sua malemolência, quebrou os paradigmas (bossanovistas e urbanoide) que a então MPB impôs a todas produções tidas e havidas, à época, como classudas.

III.

Em pleno alvoroço do Festival da Canção da Record, de 1968, ele se apresenta, com o mais básico dos acompanhamentos, para cantar “Casa de Bamba” – e deixa a plateia de queijo caído. Entre os rompantes tropicalistas de “Divino Maravilhoso” (defendida por Gal Costa, de Caetano e Gil), o realismo nonsense de “São São Paulo, Meu Amor” (a vitoriosa da noite, com interpretação do autor Tomzé) e bom mocismo de “Benvinda” (Chico Buarque), a moçada balançou o esqueleto, se divertiu e aplaudiu o sambão de Martinho.

Não houve quem não elogiasse.

IV.

A partir daí, a carreira de Martinho decolou em mil e um sucessos – “Ex-Amor”, “Devagar, Devagarinho”, “Batuque Na Cozinha”, “Canta, Canta Minha Gente”, “ O Pequeno Burgês”, “Quem É Do Mar, Não Enjoa”, “Mulheres”, entre outros.

A partir de Martinho, o samba, no que tem de mais puro e verdadeiro, se recolocou como nosso principal gênero musical.

V.

É bem verdade que a explosão do samba se dá em meados dos anos 70, com o fenômeno Clara Nunes e a sua “baiana, baianinha”.

Mas, não há contestação, a obra de Martinho foi ponte para essa travessia.

VI.

Vale lembrar que, neste mesmo ano, no primeiro semestre de 1968, a mesma TV Record tentou dar um incentivo ao samba e criou um festival exclusivo para o gênero.

Chamou-se “Bienal do Samba” e a grande vencedora foi “Lapinha” (defendida por Elis, de autoria de “Baden Powell e Paulo César Pinheiro).

Concorreram, além de sambistas veteranos como Pixinguinha, Cartola e Adoniran Barbosa, nomes como Chico Buarque (“Bom Tempo”), Paulinho da Viola (“Coisas do Mundo, Minha Nega”), entre outros autores da época.

VII.

Houve uma boa repercussão de crítica e público. Mas, cá pra nós, o pessoal só foi entender o que era o novo-velho samba quando Martinho, meses depois, entrou no mesmo palco para dar o seu recado e fazer parte da história da nossa canção popular.

*(foto: Martinho acompanha as homenagens do Dia da Consciência Negra, no plenário do Senado/Novembro 2017/Antônio Cruz/Agência Brasil)

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