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Museu do Ipiranga

Respondo a estudante de jornalismo Jaqueline Oliveira – e, de quebra, ainda transformo o assunto da dissertação de mestrado que fiz no post de hoje.

Jaqueline,

O tema que escolhi foi “Museu do Ipiranga – A Nova Imagem de Uma Instituição Centenária”. Tratou dos aspectos comunicacionais colocados em prática pelo então diretor, professor José Sebastião Witter, viabilizar uma reforma de 9 milhões de dólares, que livrou o prédio Museu do risco de desabamento e o projetou como uma das instituições do gênero mais visitadas em todo o País.

Vamos às questões.

01. O que mais me chamou a atenção foi o poder agregador demonstrado pelo professor Witter, que respondeu pelo cargo de 94 a 99 e abriu as portas do Museu para os diversos públicos e como ele soube sensibilizar as diversas comunidades responsáveis pelo Museu: a do Ipiranga e a da USP (interna e externa, o órgão pertence à Universidade de São Paulo) e as autoridades. Também considero importante o trabalho que desenvolveu para que o valioso acervo pudesse ser visitado por pessoas de todas as classes sociais, dos 8 aos 80. Com muita criatividade, ele conseguiu atrair a atração da mídia para a importância do Museu quando muitos já haviam se esquecido deste patrimônio histórico.

02. A importância do Museu? Ora Jaqueline é referência nacional e internacional. Reúne pesquisadores de primeiro time. Além do que, é um marco da nossa Independência e um dos cartões postais de São Paulo. Situa-se numa área privilegiada dentro do que chamamos de Parque da Independência, onde também existem o Monumento da Independência, a Cripta do Imperador Pedro I, a Casa do Grito, o Riacho Ipiranga, o Museu de Zoologia da USP e uma reserva da Mata Atlântica, uma das raras que foram preservadas dentro da cidade. De quebra, ainda projetou ao redor dele o Ipiranga, um dos bairros mais tradicionais, uma cidade dentro da Grande Cidade que é São Paulo.

03. O que me acrescentou este trabalho? O desprendimento com que o prof. Witter tratou uma tarefa aparentemente impossível. Sua habilidade em convencer empresários, autoridades, educadores, jornalistas e líderes populares de que a reforma do Museu era indispensável e não podia ser adiada. Não se tratava de remendar aqui e ali – e, sim, dota-lo de todas as condições para ser um Museu de nível internacional. Para isso, não poupou esforços. Numa certa manhã, o professor fez com que ministros, secretários estaduais e municipais, empresários, jornalistas andassem sobre o teto do prédio para constatar o descalabro que se via ali. Óbvio que tal ‘passeio’ resultou em ótimas fotos e imagens que os veículos de comunicação deram como manchetes no dia seguinte. A estratégia foi ótima. Se ele ficasse apenas discursando sobre os problemas, poucos entenderiam o tamanho da encrenca e os riscos de desabamentos não ficariam tão comprovados.

04. O que penso sobre o Museu? Conheço o Museu desde garoto. Via como algo distante, formal, onde se juntavam as coisas do passado. Depois como repórter, fiz muitas matérias e percebi que ali também é lugar de ciência, de aprendizado, de fortalecimento do espírito cívico e nossa identidade cultural. Em 1997, quando lancei o livro Às Margens Plácidas do Ipiranga, a noite de autógrafos foi realizada no saguão do Museu. A capa do livro, inclusive, é uma foto que o fotógrafo Kleber Bonatto tirou de dentro do Museu e mostra em perspectiva a silhueta de São Paulo. Foi muito representativa para mim. Como se eu narrasse as transformações pelas quais o País passou nos meus 20 anos de repórter – o livro reúne textos que escrevi nesse período – tendo como posto de observação o Museu do Ipiranga.

05. Se acho o Museu importante? Jaqueline, toda e qualquer instituição que valorize a cultura de uma Nação é fundamental para que possamos compreender quem somos nós. Para que as lutas e conquistas de nossos antepassados não se percam por bobagens que eventualmente possam nos impor de maneira massificante e atemporal. O passado é vital para forjar um presente melhor e planejar o futuro de um Brasil de todos os brasileiros.

06. Um recado a quem não conhece o Museu? Ele não sabe o que está perdendo…