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Nem tão satisfeito assim…

Sorry, periferia.

Sou da geração de garotos que amavam os Beatles e os Rolling Stones.

Eu particularmente amava – e amo – mais os Beatles que os Stones.

Nem por isso deixei de remover rios e montanhas para me credenciar para o primeiro show dos Stones no Brasil, em São Paulo; mais precisamente no Pacaembu.

Quando foi isso, meu São Google?

27 de janeiro de 1995.

Parece que foi ontem.

São Paulo viveu um dia cinzento, chuvoso, trânsito pesado, confuso.

Nenhuma novidade até aí.

Só que instado pela ansiedade de ver os caras ao vivo, eu diria que tudo ficou mais demorado, angustiante.

Chegar ao Pacaembu foi um perereco.

Dar conta do expediente da redação, outro arrasta.

Se bem me lembro, o amigo Ângelo (hoje editor de Esportes do Diário do Grande ABC) deu uma de motora e quebrou meu galho com uma providencial carona.

Ainda deu tempo de ver o ‘esquenta’ que Rita Lee e banda fizeram para animar a festa. Quer dizer, ver é maneira de dizer. Sem know how para esses megas eventos encontrei sérias dificuldades para me movimentar e me achar em meio aos setores do estádio.

Caía uma chuva fina no momento da apresentação, e houve algum incidente (não me lembro qual) que abreviou o show.

Alguns reclamos, mas a turba queria mesmo ver os Stones.

Estava ali, feito cachorro sem dono, pra lá e pra cá, quando encontrei outro amigo, o Turco Loco – e, guiado por ele, ancorei minha combalida carcaça no tal setor VIP repleto de famosos.

Foi por esses momentos que os Stones subiram ao palco. Logo percebi que, ao meu redor, a espetáculo era mera formalidade das celebridades locais. O que o pessoal queria era ver e ser visto. Pose para a foto, ui!

(E olhe que não havia a modinha do selfie).

Me bandeei dali porque, embora houvesse algumas mordomias, queria mesmo ver os caras – e estava difícil.

Já com o show comendo solto, arranjei um canto da arquibancada molhada, meio distante, tentei curtir o som (que não estava lá aquelas coisas) e esperei que cantasse “Satisfaction” (desculpe aí, rapaziada, mas sou muito lugar comum) para me dar por s-a-t-i-s-f-e-i-t-o.

De onde estava, mal enxergava o vulto dos figuras no palco.

Quando o show terminou, não estava nem alegre, nem triste. O sentimento era o de quem cumpriu uma missão. Pensava que a volta seria igualmente atribulada e – mais grave – precisaria escrever sobre algo que verdadeiramente eu não vi.

Parece que foi ontem, faz vinte e um anos.

Passou rápido…