Sign up with your email address to be the first to know about new products, VIP offers, blog features & more.

O Papa, o amigo, Dom Celso e a esperança

Um homem sereno é um homem sábio homem.

A primeira aparição no Angelus do Papa Francisco me lembrou a frase que alguém me disse, lá nos antigamentes – e, de algum modo, eu nunca esqueci.

Não sei se foi um amigo do pai, o Irmão Justino (do Colégio Marista Nossa Senhora da Glória) ou mesmo o professor Cassemiro, do Colégio IV Centenário, no Ipiranga.

Enfim…

Ficaram as palavras, o ensinamento.

Não aja sob tensão, sob forte emoção.

Tenha clareza da hora e da medida, do sim e do não.

É o que vale…

II.

Certa vez, perguntei a um amigo sábio que acabava de assumir um cargo importante em determinada organização, de âmbito nacional:

— E aí, rapaz, como você está se sentindo na nova função, diante de tamanha responsabilidade?

Ele riu – e me respondeu, algo enigmático:

— É como se eu tivesse saltado do vigésimo andar. Por enquanto, passei pelo décimo quinto e está tudo bem!

Serenidade não é alienação. Não é deixar pra lá os obstáculos que nos esperam…

III.

Aliás, uma das boas coisas que a escolha de Francisco me proporcionou – esta, no âmbito pessoal – foi a oportunidade de rever, após longuíssimos anos, o arcebispo emérito de Catanduva, Dom Antônio Celso de Queiroz.

Noite dessas, ele participou de um programa na Rede Vida em que se comentava a posse do novo pontífice e o quanto essa escolha representou para a Igreja na América Latina.

Dom Celso era um dos convidados.

IV.

Entrevistei Dom Celso várias vezes nos idos dos anos 80. Eu era um esforçado repórter e ele, bispo da Região Episcopal do Ipiranga.

Vivíamos o conturbado período da redemocratização e ouvi-lo, como porta-voz de uma das dioceses mais importantes de São Paulo, era cultivar a certeza de que, apesar das dificuldades, caminhávamos para um futuro promissor.

O resgate da cidadania, do voto direto para Presidente, trazia embutido o sonho de justiça social. Ou, como disse certa vez Gianfrancesco Guarnieri, pelejávamos pela “construção de um Brasil de todos os brasileiros”.

V.

Décadas e décadas e décadas se passaram. Vim bater ponto na Academia enquanto Dom Celso seguiu seu apostolado no Interior do Estado.

O País avançou em muitos pontos, felizmente. Em outros, ainda patinamos feio, mas seguimos caminhando e cantando e seguindo a canção.

Ver e ouvir brasileiros, como Dom Celso, é evidência que sobrevivem o sonho e a esperança…