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O passo, o caminho, o mistério…

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Fiquei tocado ao ver o pronunciamento da brasileira Silvia Grecco ao discursar ontem, em Milão, na cerimônia Fifa The Best após ser agraciada com a honraria aos torcedores e fãs de futebol.

Silvia é aquela mãe que narra as partidas do Palmeiras para o filho Nickollas, deficiente visual e autista. Linda história de amor, dedicação e grandeza humana.

Um desses mistérios que a vida só concede aos iluminados.

Antes de Sílvia, doze casais rejeitaram adotar o menino…

II.

Sim, caríssimos leitores e amigos, a vida é feita de grandes e pequenos mistérios que se revelam a cada hora e vez.

Simples assim.

Muito, muito complicado saber decifrá-los.

A tal história que o poeta descreveu lá traz como “o passo e o caminho”.

Cada qual tem os seus…

III.

Puxo pela memória e trago-lhes o primeiro mistério da minha infância.

O pai trocou a roupa de escriturário da fábrica para ser um garboso ‘representante comercial da Vetorazzo Tecidos’, onde sempre trabalhou desde o casamento.

Agora, vestia paletó e gravata e calçava um lustroso sapato de grossa sola de borracha – o que não era usual, à época. Além de empunhar uma volumosa bolsa de couro que lhe dava um ar austero e confiável.

O que haveria no interior daquela mala?

Eis o mistério que desafiava minha imaginação.

O pai a tratava com desvelo, usava uma flanela para lustrá-la todos os dias assim que chegava em casa e a colocava em lugar seguro e inalcançável à nossa – minha e das minhas irmãs – curiosidade.

IV.

Demoraram algumas semanas para que, curiosos, alguém perguntasse ao Velho Aldo o valioso conteúdo que tanto prezava guardar ali.

– Um arco-íris.

Riso contido, e pose de mágico prestes a desvendar o baú dos espantos, revela-se o óbvio: um bloco de notas, folhas de carbono (“para tirar os pedidos”) e uma infinidade de retalhos de tecidos lindamente coloridos, ajuntados em pastas de cartolina, que o pai chamou simplesmente de “mostruários”.

Fim do encanto?

V.

Nada disso.

A partir daquele momento, disse para mim mesmo que, quando crescesse, também seria um ‘representante comercial’, teria uma mala daquelas e carregaria, pra lá e pra cá, o meu próprio e verdadeiro arco-íris.

Como bem sabem meus cinco ou seis leitores, tenho uma tendência a ficar imaginando coisas – e não é de hoje.

VI.

Mas, também prezo a necessária noção da realidade.

Ontem dois dos meus ex-alunos apareceram, cada qual a seu tempo, no zap. Queriam saber de mim, como estou, como estão as coisas e, sobretudo, falar do jornalismo e os desafios profissionais.

Um deles me perguntou se penso em voltar a dar aulas.

Respondi que não.

E justifiquei:

O jornalismo que aprendi e, na medida das minhas limitações, pude professar nas redações e na Universidade não é o jornalismo que hoje se faz.

Não sei se é melhor ou pior.

Mas, decididamente, e salvo raras exceções, não é o mesmo.

Não é, grosso modo, o que a garotada procura quando entra num curso de graduação em Jornalismo.

Simples assim.

VII.

Mistério revelado.

Não sei se entenderam (pois estão em fases distintas do caminho), mas encerrei com aquele verso do filósofo contemporâneo Jorge Duílio Lima de Menezes, vulgo Ben Jor:

Subir, descer, entrar, sair

Faz parte do Talento individual de cada um

 

Foto: Fábio Menotti/Agência Palmeiras/Divulgação

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