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O post e a crônica – 2

Promessa é dívida.

A partir daí, nossa prosa de hoje trata pretensamente das diferenças e parecenças entre o post e a crônica.

São iguais, eu arriscaria dizer; mas diferentes.

Acompanhem meu raciocínio…

II.

Começo pelas definições que encontro na web.

Sejamos parcimoniosos, pois os dicionários impressos ainda tateiam sobre o vernáculo do, digamos, mundo digital.

Tento simplificá-las.

POSTS:

  1. entradas de textos cronológicas em websites/blogs;
  2. mensagem que se publica numa página da internet.

Do inglês, post.

CRÔNICAS:

  1. narração pela ordem dos tempos em que se deram os fatos;
  2. texto de timbre jornalístico, concebido de forma livre e pessoal que tem como tema um fato ou uma idéia da atualidade;
  3. artigo de periódico impresso e audiovisual sob uma determinada rubrica

Do grego khroniká, «crónica», plural de khronikón, relativo ao tempo.

III.

O que têm em comum?

São retratos fiéis de um tempo.

Diria melhor, do seu tempo…

A crônica teve, digamos, o apogeu no transcorrer do século 20 (para sermos bem generalistas).

As décadas de 50 e 60 foram as de maior apelo popular.

Era mais importante o cronista do que propriamente o jornal ou revista em que ele escrevia.

Aliás, há quem diga que se trata de um gênero jornalístico/literário genuinamente brasileiro – e que, de uma forma ou de outra, ainda se espalha linda, leve e solta por aí.

Inclusive no mundo digital.

Amém, Jesus!

Eu amo…

IV.

O post tem uma pegada mais imediatista – e, diria, comezinho. Algo como o “eu” por mim mesmo. “Foca ni mim”.

Notável e notório que é um produto natural – e essencialmente – do mundo digital, das tais redes sociais.

Quase nunca é jornalístico; mas, em alguns casos pode vir a ser. Na maioria das vezes, é promocional, marqueteiro – e dispensa narrativa e estilo (imprescindíveis à crônica).

Vejam!

Não há qualquer condenação nesta constatação.

Vivemos tempos de fragilidade nas relações humanas, de amores líquidos (Bauman); nada mais representativo do que o ato de postar. Ou seja, enviar, expedir…  Me fazer representar seja num texto brevíssimo, seja em uma opinião (mesmo que inconsistente de argumentos), seja numa foto ou num pequeno vídeo. Ou numa piada qualquer.

Você pode postar uma crônica.

(Tem sido o estuário natural de muitos cronistas sem jornal, como eu.)

Você pode cronificar um post.

(É possível também. Por vezes, tropeçamos em textos caprichados, e sensíveis nas redes sociais.)

Não sei se me entendem…

VII.

A bem da verdade, a principal proposta do nosso humilde Site/Blog, lá pelos idos de 2003, foi a de fazer a junção desses dois universos – amplos e  indefiníveis – em uma coisa só…

Não sei se consegui, mas em nome dos grandes cronistas deste meu Brasil varonil, vou continuar tentando.

Se é que vocês me permitem…

VI.

Algumas considerações que me chegam, de leitores/internautas amigos.

A crônica é perene.

(Ainda recentemente li escritos de Rubem Braga dos anos 40 e 50. Permanecem intactos, vivos.)

O post é instantâneo.

(Leu, está lido. Vapt, logo pinga outro no lugar)

A crônica é cumplicidade entre autor e leitor.

O post é impacto, é “bombar” (termo tão em moda), é teclar e acontecer.

V.

Uma amiga –  que integra a seleta clã de meus amáveis cinco ou seis leitores – tem uma definição mais contundente:

“Post são as coisas que se postam na net. Um saco de gatos. Mas, a crônica não é para qualquer um.”

É minha amiga, eu disse…

Sabe que, embora um humilde e assumido blogueiro, o meu coração está no papel…

  • Foto: L.Cunha

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