"Nada mais poderoso do que uma idéia que chegou no tempo certo" (Vitor Hugo)
01. Ah, os leitores… Eles nos incitam a enveredar por alguns caminhos, outros tantos atalhos e algumas esquinas que, por vezes, sequer ouvimos falar ou conhecemos, mas sinceramente não somos doutores no assunto. Quando não, estamos a milhas e milhas do fato que seria motivo de nossas investigações e reportagens. Mas, o que fazer? Como costumo dizer aos jovens estudantes de jornalismo, angustiados ao enfrentar os primeiros atropelos da Redação, nós que escolhemos esse caminho. A profissão é prioritariamente o exercício da humildade. Temos como objetivo informar, esclarecer, fazer com que as pessoas tenham consciência do momento em que vivemos. Os leitores são causa e, tomara, efeito de nosso trabalho. Por isso, com a palavra os amáveis leitores e suas dúvidas.
02. Enquanto esperava pacientemente na fila do caixa eletrônico, um senhor de óculos de aros grossos, trajando bermudas em plena segunda-feira (o que me fez supor que fosse aposentado) e um feixe de contas a pagar na mão, foi contundente na pergunta: vai dizer o quê sobre os 190 dias do Governo Lula? Sinceramente, não sei bem o que dizer. Aliás, nessas bolas divididas, o jornalista sempre acaba descontentandp uma significativa parcela de leitores. Se disser que está bem, os do contra já vão logo questionando: não falei, o cara é assim com os homens. Sabia disso faz tempo. Se disser que não, vigê. não faltarão comentários do tipo: tá vendo, é mais uma viúva do FHC.
03. Mas não há como fugir. É a profissão que escolhemos. Não há dúvida que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é unipredestinado. E está surpreendendo a todos pelo tom conciliatório e de extraordinário negociador nesses dois primeiros meses… Aplausos para a minucia e a diligência com que vem costurando a difícil textura do tecido econômico, sempre frágil a qualquer gesto mais brusco. São notórios os avanços nessa área: a estabilizaçâo da moeda, o controle da inflação, a queda do risco Brasil e o reconhecimento internacional de que não há qualquer loucura á vista. No âmbito político, diria que as reformas anunciadas ainda patinam no Congresso. Esse vai-não-vai, que já poderia ter ido, assusta os analistas políticos, o que nos dá a sensação de já ter visto esse esquálido filme em oito anos de tucanato. Reconheça-se, porém, que ainda é cedo para conclusões. Agora, onde a roda está pegando mesmo é no tal Projeto Fome Zero, anunciado e propagado como prioridade absoluta. Por enquanto, está havendo muito barulho por pouco. A mecanização do sistema, ao que parece, está sendo pensada e desenvolvida no andar da carruagem. Pelo tamanho da encrenca, seria mais conveniente estar com o cronograma de trabalho equalizado, passo a passo. Só ai as trombetas deveriam soar anunciando que todos estão salvos do grau mais absoluto da miséria: a fome.
04. Por telefone, um amigo, ex-parceiro do futebol no Clube Atlético Ypiranga, interrompe as boas lembranças do tempo da bola para cutucar: e essa tal Guerra Santa, o que você vai escrever? Vou escrever o que lhe disse como resposta: toda guerra é estúpida. Nada justifica o confronto armado entre nações ainda mais em pleno século 21. Que caiam os ditadores, óbvio… Mas, como explicar, o preço tão alto, incalculável, de tantas mortes. de tantos sofrimentos…
05. Para concluir, transcrevo o verso que a leitora Irene Andresa gentilmente enviou a GI: Camarada?! Sim. Embora de outras Pátrias/ são irmãos em Cristo e se reunirão/ naquela Pátria por Ele prometida/ onde os bons com amor se abraçarão".