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Os noveleiros

Chego pra lá de empolgado na roda de amigos. Quero saber o que a rapaziada tem a dizer do novo patrocínio que o meu Verdão vai exibir, a partir de domingo, no manto sagrado. Não consigo, porém, quebrar o assunto que empolga a rapaziada: as estripulias do BBB.

“O que que há com vocês?” – interrompo de forma até agressiva. “Desde quando esse lixo de programa é assunto para marmanjos, minimamente letrados. Vão me dizer que agora deram para assistir Bial e cia?”

Faz-se um silêncio sepulcral na mesa, do restaurante.

Até que o Matias arranja a desculpa da vez:

— Eu só vejo pra saber se um rala-e-rola com a tal Monique vale mesmo à pena. Ou se o caboclo estava mesmo no desespero quando fez o que fez.

A partir daí, o velho e bom futebol voltou a ser o assunto da turma.

Mas, por alguns minutos apenas.

Levanto para buscar um suco. Quando volto, a conversa gira em torno de nomes como Pereirão, Pereirinha, Antenor, Tereza Cristina, Crô, Baltazar…

Do que vocês estão falando, pergunto. “De onde vem a fauna?”

Outro silêncio cúmplice entre os prezados amigos.

“Não vão me dizer que, depois de velhos, viraram noveleiros?”

De novo o Matias tenta mostrar-se um ser ainda consciente de seus atos.

— Só assisto a Fina Estampa para ver a Milena Toscano. Ela é linda…

Volto da hora da refeição, zoando os hábitos dos meus camaradas que, em outros tempos – não tão longínquos assim – diziam fazer e acontecer.

Chego à minha mesa de trabalho, abro o out-look e logo salta à tela o aviso de uma reunião emergencial para as 18 horas.

Dou uma baforada de indignação, no melhor estilo Felipão. Que aliás chama a atenção dos meus pares que logo me perguntam:

— O que foi? Algum problema?

Estava prestes a confessar a verdade dos fatos, mas lembrei-me da minha implicância da hora do almoço e as hábeis soluções do Matias para escapar do meu tolo patrulhamento.

Fui rápido no gatilho também – e lamentei:

— Mais um dia se ver os olhos azuis da Fernanda Vasconcellos…

Ai, de mim, se confessasse que me divirto e emociono assistindo ao folhetim das seis, A Vida da Gente.