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Os pardais

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Quando criança, era comum entre os homens e os meninos colecionar gaiolas, com pássaros aprisionados – canários, pintassilgos, azulões, entre outras.

A parede do quintal da casa do Vô Carlito ostentava, ao menos, meia dúzia delas.

Lembro que, numa tarde, perguntei a ele:

– Vô, por que o senhor não tem nenhum pardal na gaiola? Quer que eu monte um alçapão, quer?

O homem de chapéu sorriu e respondeu:

– Não precisa não, Tchinim. O pardal não resiste à vida no cativeiro. Morre em três dias.

II.

Vejo agora na TV uma reportagem que diz que os pardais estão desaparecendo. Não há um motivo comprovado, mas os especialistas intuem que diversos fatores colaboram decisivamente para o fim da espécie. Tanto no campo como na cidade.

É um fenômeno que eles – os especialistas – acompanham, faz alguns anos, na Europa e vêem agora acontecer também na América.

III.

Olaiá…

Não tinha me dado conta disso, não.

Agora, reparando melhor, há algum tempo que não os vejo, que não ouço a ruidosa cantoria sem harmonia dos bichinhos quando em bando.

IV.

Ainda agora, minutos atrás, quando voltava da padaria, com o pão nosso de todo o dia, topei com um simpático bem-te-vi pererecando no jardim do prédio.

Estou certo de que, quando chegar ao campus da Universidade onde trabalho, verei sabiás, sanhaços, bem-te-vis e as inexoráveis pombas. Vez ou outra, aparece por ali um grupo barulhento de maritacas,

Mas, pardal, pardal… Não vejo faz tempo.

V.

Presto atenção no que dizem os especialistas.

É muito provável que a espécie não está resistindo às novas rotinas das cidades. Às transformações da vida no campo, com os avanços da mecanização da agricultura e o fim das matas silvestres. Nas metrópoles, idem. Estão cada vez mais cinzas, poluídas, conturbadas pelo excesso de veículos, inóspitas.

O alimento escasseia – e o pardal é, digamos, sedentário. Não sabe migrar para outro lugar.

Assim, com as mutações do meio-ambiente, a espécie vai definhando…

VI.

Não sou entendido do assunto. Longe disso… Mas, fico aqui matutanto: será que o nosso Planeta não está se tornando um grande cativeiro?

Será que resistiremos?

 

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