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Os pioneiros

O saudoso Maurício Loureiro Gama foi minha primeira referência jornalística.

Foi o primeiro jornalista da televisão brasileira.

Apresentou-se na célebre transmissão de inauguração da TV Tupi, em setembro de 1950, ano em que nasci.

Depois comandou, ao lado de José Carlos de Moraes (o Tico Tico) e Carlos Spera, o Diário de São Paulo na TV que fechava as transmissões da Tupi, ali por volta das 22 horas.

Era menino de tudo – e assistia ao telejornal ao lado do pai.

Fim dos anos 50, mais ou menos.

Aliás eu os achava parecidos, talvez por causa do bigode.

Mas, impressionava-me também como aquele senhor engravatado podia saber tanto, de tudo e de todos.

II.

Outra referência de minha infância foi a coluna 20 Notícias, assinada por Antônio Gusman, no Diário da Noite. Eram pequenas notas que tratavam dos bastidores do mundo futebolístico.

Ô saudade de ver o pai chegar para o almoço com o jornal dobrado em quatro e sob um dos braços!

Quando ele voltava para o trabalho, eu pegava a página de Esportes para ler.

Passava batido pelas notícias policiais.

Tinha medo que Menegheti, o ladrão que saltava de telhado em telhado, ou o Bandido da Luz Vermelha descobrissem os tesouros que tínhamos em casa: meu time de botão, feito de tampa de relógio, e o cronômetro do pai, que ainda hoje guardo como relíquia desses idos tempos.

III.

Já jovenzinho – 15, 16 anos – gostava de assistir toda sexta-feira à noite ao Blota Júnior Show, um programa de entrevistas bem ao estilo que o Jô Soares fez nos tempos do SBT. Além da cultura exibida pelo elegante apresentador, recordo ainda hoje a citação de Voltaire que abria o programa:

“Posso não concordar com nenhuma palavra que você disser.
Mas defenderei até a morte o direito de dizê-las.”

Ainda hoje recorro a esses dizeres em minhas relações profissionais e pessoais.

Me salvam de eventuais surtos, encrencas e derrapadas.

IV.

Quando decidi cursar jornalismo, queria escrever sobre música popular.

Salvar o mundo.

Aventurar-me.

Admirava Mino Carta, Zé Hamilton Ribeiro, Vital Bataglia, Ricardo Kotsho (que estudava na Escola de Comunicação e Artes, como eu) e os professores Rolf Kunt e Vladirmir Herzog, entre outros

Nunca pensei naqueles pioneiros; o quanto me inspiraram.

Hoje, na virada dos 60, posso lhes garantir: eles foram fundamentais.

E, humildemente, os reverencio por isso…