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Para mim, e para eles

Falo aos estudantes do primeiro semestre de jornalismo da Universidade de São Paulo. É um encontro que o professor Júlio Veríssimo faz comigo e com os noviços há alguns anos. Para ser sincero, desde 2005 quando assumi a Coordenação do curso.

A ideia é que a meninada treine a primeira entrevista coletiva com alguém da Casa para que, em aulas vindouras, possam exercitar o aprendizado dos conceitos do módulo Linguagens Jornalísticas com alguns convidados externos.

Dizem que a primeira ‘coletiva’ a gente nunca esquece – então, há que se ter cuidado na argumentação das respostas.

II.

À medida que as perguntas vão aparecendo e logo após as minhas divagações sobre o tudo e o nada, o Júlio vai botando reparo na postura dos alunos, orientando-os e encaminhando os próximos questionamentos.

Acho bom o exercício.

Para mim, e para eles.

III.

A turma me pergunta sobre a minha carreira, os desafios do curso, os dilemas do jornalismo contemporâneo e, sobretudo, o que os espera no mercado de trabalho cada vez mais enxuto, e seletivo.

Respondo como posso às dúvidas e os admiro pela coragem que demonstram de correr atrás dos sonhos que acalentam – por vezes, contra a vontade da própria família.

Ser jornalista não é tarefa das mais simples hoje em dia. Há quem veja algum glamour na profissão, mas na prática não é bem assim.

Ser jornalista é o exercício diário da humildade, de correr atrás da notícia, de apuração e checagem, de organizar, classificar e hierarquizar a informação. Esmerar-se para desenvolver o texto ou a produção final, com objetividade, clareza e, se possível (dado os prazos de fechamento cada vez mais apertados), com algum estilo.

IV.

Fui muito feliz – e ainda sou – com a profissão que exerço. Não posso desestimular ninguém a seguir esse sinuoso caminho.

Fiz grandes amizades nas redações por onde passei (Desconfio que meu livro “Meus Caros Amigos – Crônicas sobre jornalistas, boêmios e paixões” retrata um tantinho essas venturas) – e penso que valeu a pena as idas e vindas e o clarear de cada manhã.

Problemas, sempre os há, como diria o Irmão Fidélis no Colégio Nossa Senhora da Glória.

Mas, ser jornalista é saber enfrentá-los.

Vida que segue…

V.

Desde que cheguei à Universidade, tive clara noção da responsabilidade que assumia. Entendi minha lida, por aqui, como uma corrida de revezamento e já estava mais do que na hora de passar o bastão para a garotada.

Todas as vezes que enfrento essa ‘paradinha’ de falar aos jovens jornalistas, reitero esse compromisso e, acreditem, saio da sala de aula revitalizado pelo brilho do olhar da garotada e, a partir dessa luz, volto a acreditar que este mundão de meu Deus ainda vai tomar jeito.

Afinal, os sonhos que neles identifico estão muito além da aprovação das metas fiscais de um governo ilegítimo.

É isso…