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Pela janela do mundo (ou o mundo pela janela)

“Deus é o invisível evidente” (Victor Hugo)

01. Temo não ter nada de original na coluna que se segue. O assunto não poderia ser outro: o atentado que sofreram os Estados Unidos. Vou tentar me conter nos adjetivos para não ampliar o clima de comoção social que, de resto, nos atingiu duramente na manhã de terça, dia 11. Mais uma vez, a TV confirma a função de
janela do mundo e traz para diante dos nossos olhos as dores e as cores de uma tragédia sem precedentes na História da Humanidade.

02. Alguém já disse — e eu repito aqui — que o novo século só agora começou. O Day After trouxe um novo conceito do mundo em que vivemos. E, se me permitem a ousadia, vai precisar mesmo ser reconstruído dentro e fora dos EUA. Mas, essa tarefa não se faz apenas em termos físicos de recolocar em pé duas torres de mais de 100 andares e apagar as marcas da exacerbação de grupos radicais. A mudança deve acontecer em cada um de nós, e em termos amplo, geral e irrestrito. Muito clara e objetivamente. Sem poesia e proselitismo.

03. Mudei de parágrafo para explicar melhor. Até porque as linhas que se seguem não pretendem formalizar qualquer tipo de julgamento ou contemplar heróis e vilões. As bolas de fogo e destruição deste 11 de setembro, de alguma forma, sombrearam o céu de todo o Planeta e confirmaram o que já se vê na violência das esquinas de Sampa, dos guetos dos Balcãs, dos confrontos entre árabes e judeus, da fome que dizima milhões na África, da guerrilha da Colômbia e onde houver qualquer ato que coloque em risco a dignidade e o respeito à vida.

04. Vamos esperar a explosão de outro cogumelo atômico para enfim entender que o modelo desta sociedade, absolutamente egoísta e personalista, já se esgotou. E agora tende a desmoronar como as torres do WTC, drasticamente atingido pela insensatez e ganância de alguns privilegiados.

05. Sinto muito, caro leitor, não dá mais para fechar os olhos e dizer tô fora. Não sou judeu, não sou arábe, não nasci na África, não moro no Jardim Ângela, então, estou são e salvo — e feliz. Pela incompetência generalizada de políticos e governantes, o terror hoje não tem limites, não conhece fronteiras, não discrimina. Tenha lá a forma que tiver. Seja por uma causa fundamentalista, seja por susto, bala ou vício. Seja simplesmente por um prato de comida ou banal par de tênis.

06. A roda da globalização — e todos os benefícios que provocar — ou roda para o bem de todo mundo ou o desequilíbrio das injustiças sociais vai produzir em número cada vez e maior kamikazes, capazes de matar e morrer.

07. Também não adiantam discursos, nem se preocupar se está muito próxima a Terceira Grande Guerra. Há tempos soou o sinal de alerta — e o dito mundo civilizado fez que não ouviu. Já estamos em guerra. E nós não conhecemos o rosto do inimigo.