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Perguntas e respostas

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Foto: Reprodução

Vez ou outra ainda sou procurado – basicamente por jovens jornalistas ou estudantes de… – para algum tipo de entrevista sobre isso, aquilo e aquil’outro.

Não entendo nada de nada, mas vá lá – eu os atendo cordialmente.

Um dia fui assim também, creiam.

Para minha sorte, as pautas de política e economia são raras, quase inexistentes.

Se não, teria que encaminhá-los ao Posto Ipiranga como fez – e faz – o divertido anúncio e aquela outra conhecida e execrável figura da atualidade.

Argh!!!

Difícil palpitar sobre qualquer tema hoje em dia sem causar polêmica e turbulências.

Enfim…

Vida que segue.

Cada um, cada um.

Voltemos aos jovens e suas indagações.

A moda agora é pedir uma lista disso ou daquilo.

Os portais e sites parecem gostar dessa simplificação.

– Garante muitos cliques, me disse um amigo que trabalha no UOL.

E as universidades parecem seguir a mesma toada.

Fazer o quê?

Que o Senhor nos guarde, incólumes – mas, nem tanto…

Como disse, eu os atendo na medida do possível, com respostas que, aos olhos, ouvidos e mentes da meninada, parecem vir dos tempos das cavernas.

Não faço de propósito, mas, confesso, me divirto um tantinho.

Querem um exemplo?

Me perguntaram, outro dia:

– Monte o seu Palmeiras ideal, aquele time dos sonhos?

De bate-pronto respondi: Leão, Djalma Santos, Luis Pereira, Djalma Dias e Geraldo Scoto; Dudu e Ademir da Guia, Julinho, Jair Rosa Pinto, Mazzola e Chinesinho.

Segundos depois, recebo a mensagem do perguntador embasbacado:

“Mas, o Dudu não é volante, não, professor!”

Deixei quieto.

Como explicar para o jovem que o Dudu a que me referi não é o de hoje; e, sim, o médio volante que marcou Pelé, Rivelino, Pedro Rocha e outros mais e, por mais de uma década, formou um meio de campo histórico e vencedor com Ademir da Guia.

Minha resposta:

– Vá ao Google, meu rapaz. Clique em Dudu e Ademir da Guia. Clique também em cada um dos nomes da escalação – e depois, se ainda quiser, volte aqui.

Não voltou.

O maestro soberano, Tom Jobim, certa vez, disse que a memória do brasileiro não vai além do que aconteceu nos últimos 15 anos.

É fato!

Ontem, uma repórter me perguntou sobre o melhor filme de todos os tempos. Qual seria?

Respondi que, de todos os tempos, é muito tempo – e não tinha como lhe dizer, pois não assisti a todos eles.

Básico, não?

Mas, entre aqueles que pude ver, O Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard) é o que mais me impactou pela narrativa, pelo desempenho dos atores (Willian Hoden e Glória Swanson) e a direção incrível de Billy Wilde.

Me antecipei ao espanto da moça, e fui logo dizendo:

“É um filme noir, produzido em 1950 (ano em que nasci) e tem como enredo a saga de uma diva do cinema mudo que não se conforma com a decadência e o esquecimento a que foi relegada pelos novos tempos do cinema-falado. A atriz sonha delirantemente com seu retorno às telas, à fama e à glória. É um drama e tanto. Concorreu a onze Oscar, ganhou três – e ainda hoje está como um dos pontos altos das produções hoolywoodianas”.

Ufa!

Falei.

E me preparei para ouvir as impressões da minha interlocutora.

Ela foi sucinta:

– Que memória, hein, professor!

Minutos depois, outra ligação.

Com voz titubeante, ela me pergunta:

– Professor, o editor do portal para o qual eu escrevo quer saber: se é uma provocação sua à nova secretária da Cultura, a…

Não deixei que terminasse a frase:

– Diga a ele pra assistir ao filme e tirar as próprias conclusões.

E, por segurança, desliguei o celular.

1 Response
  • VERONICA PATRICIA ARAVENA CORTES
    14, março, 2020

    Boa!!!

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