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Precatórios, reformas e mobilização social

01. Você anda cansado de tanto ouvir falar em precatórios, títulos públicos e cousa e lousa do gênero. Prepare-se, pois, caro leitor. A briga, como diria um grande amigo, "é de peixe-grande" e promete novos e contínuos roundes até a batalha final. Ou seja, a eleição presidencial de 98. Tucanos e pepebistas devem radicalizar na próxima semana. Afinal, são os principais interessados na contenda em defesa das candidaturas do próprio Fernando Henrique e de Paulo Maluf. Agora, os próceres do PPB preparam o contra-ataque (depois do massacre ao prefeito Celso Pitta). Eles querem saber como o governador Mário Covas conseguiu a aprovação de 900 milhões em títulos públicos do Estado, mesmo após a proibição do Banco Central para operações desse naipe. Só há um senão, segundo esse mesmo amigo, especialista em assuntos promocionais, "precisa ver se a mídia vai gostar desse assunto".

02. Esclareça-se, de antemão, que toda essa negociata envolvendo milhões e milhões de reais do erário público deve mesmo ser denunciada, comprovada e os culpados punidos. Mais do que a dramatização dos senadores, e de quanto faturam em termos de marketing pessoal, o País quer a questão resolvida até porque há outras pendências bem mais importantes para seu desenvolvimento, enquanto Nação, que se arrastam sem definição.

03. Claro que o leitor mais atento já percebeu que estamos falando das reformas constitucionais: a Tributária (indispensável para o crescimento do setor produtivo), a da Previdência (basta ver a miserável situação da maioria dos trabalhadores aposentados e o favorecimento que existe para alguns segmentos) e a Administrativa (fundamental para a agilização dos serviços e para contenção do déficit público). Ainda há a questão do Judiciário (abarrotado por milhares de processos e sem os equipamentos e mão-de-obra suficientes para tocá-los) e a reforma política, importantíssima também; pois traça um novo quadro partidário, mais transparente ao eleitor, e pode até extinguir o famigerado horário gratuito eleitoral, uma aberração dos tempos ditatoriais.

04. Como vê, caro leitor, há trabalho de sobra para quem deseje ver esse País e seu povo prosperar. Até porque tudo o que se escreveu no item acima tem reflexos imediatos no social. Mesmo os mais insensíveis podem observar que o contingente de desvalidos aumenta a cada dia e que essa massa, antes disforme e sem comando, agora se organiza e luta por suas aspirações, com determinação e coesão. Basta ver o exemplo do Movimento dos Sem Terra que marcha rumo a Brasília a cobrar pela reforma agrária, tantas vezes defendida em palanque, tantas vezes anunciada e sempre protelada…

05. E, olhe, não é preciso ir muito longe. Ainda no sábado passado, aqui pertinho, em Heliópolis, famílias invadiram a área reservada para construção de uma praça na confluência da Estrada das Lágrimas com avenida Juntas Provisórias. Os porta-vozes do movimento reclamam da morosidade na construção de Cingapura para cerca de 400 famílias que atualmente moram em áreas de risco, às margens de um córrego. Estão determinados: "Só abandonaremos o acampamento, quando tivermos uma definição para o problema. Queremos um local para morar com dignidade".