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Rubão Sabino: festival é isso mesmo

Para o capixaba Rubens Sabino da Silva, 30 anos, esse MPB-80 trazia mesmo uma reunião especial. Baixista de renome (já trabalhou com Gil, Caetano, Gal, Jorge Ben, Fagner, entre outros nomes de primeira linha da nossa música popular), ele fazia muita fé em “Madrugada Tropical”, canção que defendeu como autor e intérprete. Apesar da expectativa e da torcida dos amigos, Rubão Sabino, como é conhecido nas lides musicais, teve que amargar uma inesperada desclassificação. O que, reconhece, não estava nos seus planos para o tão esperado início de carreira solo.

— Não sei, não, viu cara – diz ele ao repórter no saguão de um dos hotéis do centro de São Paulo. – Mas, achei muito estranho o resultado. Acho que dava para classificar, sim. Fiquei muito chocado. E não fui só eu que achei estranho. O Jornal do Brasil disse que foi uma injustiça – era eu que deveria estar na final. O repórter deste jornal definiu minha música como uma seresta moderna, uma seresta dos tempos de hoje. Também penso assim. Mas, penso também que festival é isso mesmo. Sempre foi assim, né?

Mesmo com o resultado inesperado, “Madrugada Tropical” foi lançada em compacto simples pela Bandeirantes Discos. Do lado B, outra composição de Rubão: “Velho Guerreiro”, que fez em homenagem ao animador Abelardo “Chacrinha” Barbosa.

— Componho desde garoto, sabe? Tenho algumas músicas gravadas por Erasmo Carlos (“Por Cima dos Aviões”), Maria Inês (“Vê se Vê”), entre outros intérpretes. No entanto, meu trabalho como músico sempre me tomou um tempo maior. Acabou abafando esse lado meu de compositor. Agora, com esse disco, eu penso em dar uma virada. Vou dedicar um tempo maior para o meu trabalho de composição. Afinal, quero entrar nessa parada para valer.

“Madrugada Tropical” nasceu em meados de 1979 e deve muito de sua existência a Elke Maravilha, com quem Rubão Sabino está casado. A letra estava esquecida em uma gaveta até que Elke a encontrou por acaso. Achou o poema “lindíssimo” e pediu para Rubão musicá-lo.

— O mundo está mudando. As pessoas, também. Por isso, acho que o repórter do JB tem mesmo razão. Minha música é uma seresta dos tempos de hoje. Eu me sinto assim, como se estivesse na rua, na madrugada, cantando para as pessoas. Já “Velho Guerreiro” é um samba que fiz para o Chacrinha, um cara incrível que dá uma força e4norme para quem está começando. Elke acha que essa canção é um ponto de macumba de luxo, um som que lembra terreiro. Um som bem brasileiro mesmo. Com uma proposta de agora, sabe?

Desde meados dos anos 60, Rubão trabalha com música. Tocou em bailes, gafieiras, “no que pintou”. Para ele, 1970 é o ano oficial do início de sua carreira como músico. Nesse ano, integrou o grupo Abolição, comandado pelo pianista Dom Salvador.

— Fui um dos primeiros músicos que aderiu ao baixo eletrônico. Desenvolvi mais aquela batida funk, de baixista preto mesmo, de free-jazz, e fui me aperfeiçoando. O baixo eletrônico era, na época, umm instrumento novo. Ninguém dava a mínima para ele. Foi nessa brecha que eu entrei.

Rubão nasceu em Cachoeiro do Itapemirim. Aos seis anos, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde assimilou os principais fundamentos de sua diversificadam formação musical.

— Minha música tem muito a ver com a bossa nova, a jovem guarda, o tropicalismo. Diria mais. Tenho muita identificação com Gilberto Gil, com quem trabalho de 1973, com Jorge Bem e aquela coisa afro e, por que não?, com Roberto Carlos, que afinal é meu conterrâneo.