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Saramandaia Brasil

É deverasmente atribulado, quiça complicatório, discorrer sobre o primeiro capítulo da novelística Saramandaia, que ontem foi ao ar, sem incorrer em imprecisas afirmações que, no transcorrer da trama, pode ganhar um ritmo mais alucinado e menos despinguelado que ontem se viu.

Também não pode este operário do teclado, o blogueiro que vos escreve, deixar passar assim, impunemente, em brancas e ágeis nuvens, a reedição desse texto valioso – e onipresente – do mago Dias Gomes, agora recuperado no horário das 23 horas pela Globo, pela pena escorreita de Ricardo Linhares.

Digo onipresente – e explico.

Reparo que personagens como Dona Redonda, Zico Rosado, João Gibão, Professor Aristóbulo sempre estiveram – e estão – pela aí, entra ano e sai ano, mesmo com o ribombar de engenhocas que avalizam a modernidade comunicacional.

Quem neste mundão de Meu Deus já não perdeu o controle e soltou formiga pelas ventas, criou raízes, botou o coração pela, pensou em estourar de tanto comer, incandesceu de amor e paixão e, em entre outras peraltices e traquinagens, imaginou voar feito um pássaro, um anjo bom?

Pergunto por perguntar. A resposta a cada uma das situações – aparentemente rocambolescas – está no íntimo de cada um dos caros leitores e internautas.

De resto, não sei se acompanharei os sessenta e tantos capítulos, dado ao adiantado da hora que a trama será exibida e também à minha preguicite aguda e cada vez mais notória. Em assim sendo nada posso prometer a vocês e a mim mesmo.

Digo lhes apenas que a primogênita temporada da novela (de 3 de maio a 31 de dezembro de 1976) propôs um delirante desafio às difusas – e incompreensíveis – técnicas da censura da época. Uma grande parábola que conclamava à mudança de um estado de coisas (a ditadura) que parecia imutável, imexível – tanto que levamos nove anos para ter um civil como presidente.

Curiosamente, hoje parece reaparecer no tempo certo de ebulições sociais tão delirantes como os voos de um João Gibão e, por vezes, mais estarrecedoras que os uivos para a lua do lobisomesco professor Aristóbulo.

Seria pura coincidência histórica?

Ou mera semelhança?

(*Post de número 1990)