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Só existimos para o mundo se…

O homem sofre a maior das violências quando lhe roubam a liberdade – e o primeiro passo para todas as outras indignidades humanas é lhe tirar o direito de comunicar-se, é não deixar que ele se expresse, que ele fale…

Ouviu a frase de um indignado Dom Paulo Evaristo Arns, então arcebispo de São Paulo, no ato ecumênico, realizado sete dias após a morte do jornalista Vladimir Herzog em outubro de 1975.

Achou a frase corajosa, pois dizia o que à época não se podia dizer.

Herzog fora preso, torturado e morto nos porões do DOI/CODI por grupos paramilitares, dissidentes, que se insurgiam contra o processo de redemocratização do País em seus primeiros e tíbios passos.

Queriam porque queriam promover o medo, a barbárie, o caos para, assim, desestabilizar a ordem vigente.

“Em briga de elefantes, sobra sempre para a grama”, explicou, anos depois, Rodolfo Konder, um dos onze jornalistas que dividiam o calabouço com Herzog naqueles tempos sombrios.

Olhos arregalados, coração aos trancos pelo horror de que os tais agentes da repressão pudessem invadir a Catedral e fazer e acontecer – ou seja, baixar o porrete em todos os presentes –, o rapaz vacilou.

Ficou orgulhoso do que ouviu de dom Paulo.

Lá com seus botões, porém, confabulou se não havia certo exagero na comparação entre a liberdade de expressão diante das atrocidades cometidas impunemente com o jornalista e outros tantos que ousavam resistir e lutar.

Com o passar dos anos, o restabelecimento do Estado de Direito, das liberdades democráticas, o homem pode se dar conta de toda a extensão da fala de Dom Paulo. Só existimos para o mundo e o mundo só existe para nós, se pudermos nos informar sobre ele, se nos inteirarmos dos fatos, olharmos as imagens e entendermos tudo o que acontece ao nosso redor.

*amanhã continua