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Sob a neblina

Enfrento a neblina na via Anchieta, com alguma apreensão.

Não é exatamente uma novidade por aqui.

Mas, não deixa de ser inquietante.

Os carros se arrastam, um atrás do outro.

Ordenam-se morosamente nas duas pistas.

Andam e param, andam e param.

Formam longo congestionamento que, em seu arrastar, assemelha-se a enorme serpente.

Desligo o rádio. A canção deu lugar à notícia.

A realidade invade e ameaça quebrar o encanto do momento.

Prefiro o silêncio.

Prefiro a lembrança do caminho que me levou à Saint Michel.

Quanto tempo faz? Não importa.

Era inverno na Normandia.

O sol ameaçava rasgar a manhã, também envolta por névoa.

Dormimos em Cahen, a cidade próxima. O hotel, tipicamente francês, acolhedor, chamava-se Daphine.

Logo cedo retornamos à estrada. Antes, porém, comprei um gorro de lã numa feirinha de rua. Dois euros. Um dos nossos preferiu um boné com proteção para as orelhas. Logo lhe chamaram de Chapolin. Todos rimos.

Estávamos felizes.

Apreensivos e felizes.

Tínhamos um claro objetivo, mesmo às cegas, a seguir na densa nuvem.

De repente, o sol deu as caras. Esquivo, sereno, revelador.

Pode-se, então, vislumbrar a silhueta do Mont Saint Michel, impregnada de fascínio. Com lendas, histórias, magia.

Inesquecível visão.

Quanto tempo faz? Não importa…