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Tchinim e o Natal inesquecível

Ao menos, no meu tempo, era assim: momento único na vida de qualquer criança.

Descobrir que Papai Noel não existe significou o fim do encanto daquele Natal antes mesmo que eu pudesse degustá-lo em toda sua pompa e circunstância.

Esperava o ano todo por aquele momento mais do que especial.

Havia toda uma ansiedade, um mistério…

Acordávamos no dia 25 e lá estava o almejado sonho em forma de brinquedo a tornar-se realidade ao lado das nossas camas – a minha e as das minhas irmãs.

II.
Naquele ano, foi diferente.

A mais velha não segurou a língua e a peraltice.

— Não acredita?

Eu resistia à sua má falação.

— Então, vamos lá ao quarto da mamãe. O trenzinho que você pediu está dentro do guarda-roupa, coberto por uma pilha de lençóis.

Estava mesmo.

Foi a primeira vez que pensei em fazer voltar o tempo.

III.
Preferia não ter descoberto a verdade.

O pai, quando soube, ameaçou bater na tagarela.

A mãe, como de costume, invocou todos os santos e só faltou chorar.

Minutos depois, os atropelos para a ceia de Natal em casa – uma tradição da qual o pai tanto se orgulhava – fizeram com que todos se conformassem com a revelação.

— Um dia, a gente ia ter que contar para ele, disse a mãe adepta dos “panos quentes”.

— Ano que vem você vai para a escola. Já é um homenzinho. Não ficaria bem acreditar numa lenda, acrescentou o homem de poucas e sábias palavras.

IV.
Não concordei.

Mas, fiquei na minha.

Tinha meus motivos.

Uma coisa eram os presentes do pai.

Para ganhá-los, havia o aniversário e todos os outros dias do ano.

Outra coisa era fazer por merecer e ter o desejo atendido por um ser extraordinário, generoso, que vinha de tão longe.

V.
Era como se eu fizesse parte da história.

Não me constava que Papai Noel fosse santo.

Mas, eu o via como uma divindade.

Uma espécie de mensageiro traquina a cortar os céus.

Com o regalo, imaginava vir também as bênçãos do Deus que se fez Menino para nos salvar.

VI.
Vocês sabem.

Tenho uma tendência a ficar imaginando coisas.

Desde pequenino – quando ainda me chamavam de Tchinim – sou assim.

Mas, tantos e tantos anos depois, não há o que reclamar.

VII.
Dizem que trago no olhar o desalento dos que não mais se encantam.

Pode ser resquício daquele Natal que se perdeu no tempo.

Ou de tristes verdades que se revelaram ao longo do longo e sinuoso caminho.

Pode ser um jeito meu de tocar a vida e seguir adiante.

Pode ser…

Mas, aviso aos navegantes.

Não abro mão do meu naco de sonhos e esperança…

IX.
Que o Menino Deus nos guarde e ilumine em 2010.

Ele é o caminho, a verdade, a vida…

* FOTO NO BLOG: arquivo pessoal – Paris