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Torcedores ou vândalos? *

por Milton Bigucci

Ou criminosos?

Novamente acompanhamos no último dia 25/03/12, na zona norte da capital paulista, um conflito entre torcedores de clubes de futebol. Agora foi de torcedores do Palmeiras e Corinthians, em um encontro de guerra marcado pela internet para as 10 horas daquele domingo. À tarde haveria o jogo no estádio do Pacaembu, em São Paulo.

Naquele dia morreu um menino de 21 anos de idade, estudante de engenharia civil, assassinado a tiros, a sangue frio, e outros foram internados (dois em estado grave), feridos com paus, fogos de artifícios e barras de ferro. Tudo isso a céu aberto, na rua. E filmado. Na terça-feira, dia 27/03, um dos feridos teve a morte cerebral anunciada pelos médicos.

A polícia se viu impotente para evitar o confronto. Eram mais de 400 pessoas brigando. O problema não é só da polícia como alguns acham. É questão de educação, civilidade e impunidade. No Brasil, há carência de saúde, moradia, infra-estrutura e transporte público, porém, onde é mais óbvia essa carência é na impunidade contra a violência. O cotidiano da população é conviver com o medo.

Acho uma imbecilidade total do ser humano chegar às vias de fato em discussões sobre futebol, quando sabemos que os próprios jogadores das equipes opostas são amigos entre si. Tenho vários netos são-paulinos e corintianos, inclusive o genro. Nora e sogro palmeirenses. E nem por isso deixo de gostar deles. Só se eu fosse um idiota.

Como fica a nossa imagem lá fora, para a Copa de 2014? Eu já estive presente em cinco Copas do Mundo fora do País, e sei como os estrangeiros são recebidos. Não podemos prejudicar a nossa imagem no mundo.

Os hooligans, violenta torcida inglesa, desapareceram na Inglaterra pela firmeza das leis, da polícia e do Ministério Público. É o que está faltando aqui. Lugar de bandido é na cadeia. Não estamos mais na Idade da Pedra para conviver com tamanha selvageria.

Há também os vândalos, chamados cidadãos, que depredam o patrimônio público ou privado, causando danos materiais que são pagos por toda a sociedade. Teatros, viadutos, parques e prédios comerciais são depredados pelo simples prazer de pichar ou quebrar. Parecem seres violentos de outra galáxia.

As leis brasileiras são muito brandas. Temos um Código Penal leve, vigente desde 1944, quando os problemas sociais eram outros. Outro fator é que as penas de até quatro anos podem ser substituídas por prestação de serviços ou doação de cestas básicas, isto é, impunidade ou pena que não assusta ninguém.

E tudo isso faz parte normal do nosso dia a dia. Passados alguns dias ninguém mais se lembrará esses crimes e a violência continuará impune. Deve haver maior rigor na defesa do cidadão comum que trabalha e paga seus impostos, e penas mais duras para quem ousar enfrentar a lei.

*MILTON BIGUCCI é presidente da construtora MBigucci, presidente da Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC (ACIGABC), Membro do Conselho Consultivo Nato do Secovi-SP, autor dos livros “Caminhos para o Desenvolvimento”, “Somos Todos Responsáveis – Crônicas de um Brasil Carente” e “Construindo uma Sociedade mais Justa”, e membro da Academia de Letras da Grande São Paulo, cadeira nº 5, cujo patrono é Lima Barreto.