Toscoland
Assim mesmo, com um toque americanizado, como tanto gostam de se imaginar os nativos do tal país/continente.
Eis o título para uma crônica que gostaria de ler ainda neste ano, companheiro.
Pelas notícias que recebo do opróbrio lugar, espero que me honre e conforme com os esclarecimentos devidos.
Abraços
Escova, em exílio-voluntário nos arredores de Paris.
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Pois então, caro leitor.
Tenho o título.
Não tenho a crônica.
A bem da verdade, tento em vão escrevê-la, não é de hoje.
O tema me persegue.
De outubro pra cá, então, essa evocação obsedante se faz ainda mais próxima.
Queixei-me, então, ao amigo sumido (e distante) Escova, autointitulado ombudsman do Blog, que só agora me dá a resposta em tom zombeteiro.
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“Opróbrio lugar”…
O homem caprichou no esculacho.
Toscoland ou Toscolândia ou…
Eis o enigma que tento descrever.
Quem é e como vive o habitante do outrora cantante patropi?
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Escova, amigo velho, velho amigo, também não acredito no que vejo, ouço e vivo nesses desajeitados tempos.
Como se sacode a elite parva de Toscoland em seus arroubos de estupidez e pretensa grandeza?
Você fala em governantes toscos, em legisladores gananciosos e imbecilizados, em togados vaidosos e insensíveis à Lei Maior.
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Me tire uma dúvida.
De que opróbrio lugar, estamos falando?
Sinceramente, você me confunde.
Como assim? Se já pedimos a bênção para o Big Brother Trump, velho-novo grão mestre e guru?
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Reconheço quando diz que a tenra treme a cada manhã com o devido beneplácito da mídia invertebrada.
E os nossos coleguinhas da Imprensa, hein? Curvam-se aos desmandos dos patrões que, por conta e vez, nunca negaram de qual lado estiveram e estão.
Daqui a 50 anos, talvez, escrevam um editorial pedindo desculpas.
É provável, já aconteceu…
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Reconheço também, caro amigo, que nem sequer o esporte favorito da turba, o ludopédio famoso, hoje oferece consolo e alegria.
Quem diria!!!
E as canções, então?
Houve um tempo em que o Planeta era sincopado e balançava ao som dos acordes da “beócia nova”, lembra?
Agora, em Toscoland – também conhecida como a Terra dos Beócios – o que mais se ouve são louvores à dor de corno e à cachaça num gênero que apropriadamente os jovens toscolandês passaram a chamar de ‘sofrência’.
Não acredita?
Volte pra terrinha, irmão.
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Brincadeira minha. Fique onde está. Se puder, um dia apareço para um abraço e aquele conversê que tocamos por longos e longos anos na velha redação de piso assoalhado e nos botecos da vida.
Tínhamos um sonho.
Gostávamos de escrever sobre o país do futuro, que hoje se arrasta no presente e, pior, se prepara para dar posse ao lado mais obscuro do passado.
Em alguma curva do caminho, o bendito sonho se perdeu…
Foto: arquivo pessoal/grafite em Taormina, Itália
O que você acha?