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Uma esperança… *

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Foto: Jô Rabelo

Aqui em casa pousou uma esperança.

Não a clássica que tantas vezes verifica-se ilusória, embora mesmo assim nos sustente sempre.

Mas, a outra, bem concreta e verde: o inseto.

Houve um grito abafado de um dos meus filhos: 

– Uma esperança! e bem em cima de sua cadeira na parede!

Emoção dele também que unia em uma só as duas esperanças, já tem idade para isso.

Antes surpresa minha: esperança é coisa secreta e costuma pousar diretamente em mim, sem ninguém saber, e não acima da minha cabeça na parede.

Pequeno rebuliço: mas era indubitável, lá estava ela, e mais magra e verde não podia ser.

– Ela quase não tem corpo, queixei-me.

– Ela só tem alma, explicou meu filho e, como filhos são uma surpresa para nós, descobri com surpresa que ele falava das duas esperanças.

 

CLARICE LISPECTOR, em Todos os Contos.

(prefácio e organização Benjamin Moser. Editora Rocco/2015)

* Leia AQUI a íntegra da crônica.

 

1 Response
  • Pitta
    16, junho, 2020

    A esperança (as duas) é dádiva da natureza. No singular sim…No plural só quando os homens se enxergarem e sentirem que são finitos. A humanidade e a natureza filhos dessas esperanças, não!!!!!!

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